Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
17º
MIN 13º MÁX 19º

ONU denuncia reforço da censura na China e em outros países da Ásia

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou hoje que a China e outros países asiáticos, como Camboja ou Filipinas, reforçaram os atos de "censura" desde o início da pandemia da doença covid-19.

ONU denuncia reforço da censura na China e em outros países da Ásia
Notícias ao Minuto

15:57 - 03/06/20 por Lusa

Mundo Covid-19

Num comunicado em que detalhou situações relativas a vários países da Ásia, Michelle Bachelet indicou que o Alto Comissariado da ONU recebeu informações sobre vários casos, cerca de uma dúzia, de profissionais de saúde, académicos, estudantes ou de cidadãos comuns que alegadamente foram detidos na China, alguns mesmo acusados, por terem publicado opiniões ou informações sobre a situação da pandemia do novo coronavírus naquele país.

Alguns dos visados também lançaram críticas à resposta do Governo chinês à pandemia, segundo a mesma nota informativa do Alto Comissariado da ONU, que destacou o caso de dois estudantes que terão sido detidos em abril passado depois de terem criado um portal de conteúdos sobre a crise da covid-19 na China.

No comunicado, Michelle Bachelet afirmou estar alarmada, de um modo geral, com a repressão da liberdade de expressão na Ásia desde que o novo coronavírus foi detetado, pela primeira vez, na China no final de dezembro de 2019, declarando que a atual pandemia resultou "num maior endurecimento da censura em vários países" daquele continente.

Segundo a ONU, "as detenções de pessoas que expressaram a sua insatisfação ou que alegadamente difundiram informações falsas na imprensa e nas redes sociais foram relatadas no Bangladesh, Camboja, China, Índia, Indonésia, Malásia, Myanmar [antiga Birmânia], Nepal, Filipinas, Sri Lanka, Tailândia e Vietname".

Por exemplo, na Índia, de acordo com Michelle Bachelet, vários jornalistas e pelo menos um médico foram acusados de criticar publicamente a resposta das autoridades à pandemia, com a Alta Comissária da ONU a sublinhar que na cidade de Mumbai a polícia adotou uma ordem que proíbe as pessoas de incentivar qualquer sinal de "desconfiança em relação aos funcionários governamentais e às respetivas ações" de reação à crise sanitária da covid-19.

Também na Indonésia, segundo a ONU, pelo menos 51 pessoas foram investigadas por terem presumivelmente espalhado "notícias falsas" sobre a pandemia, enquanto no Camboja, a organização internacional documentou a detenção de pelo menos 30 pessoas, incluindo de uma adolescente de 14 anos por ter feito comentários públicos ou por ter publicado mensagens nas redes sociais sobre a covid-19.

"Nestes tempos de grande incerteza, os profissionais de saúde, os jornalistas, os defensores dos direitos humanos e o público em geral devem poder expressar as suas opiniões sobre os assuntos de interesse público de importância vital, como (...) a gestão da crise socioeconómica e sanitária, bem como a distribuição de equipamentos de socorro", sublinhou Michelle Bachelet.

"Esta crise não deve ser utilizada para silenciar a dissidência ou limitar a livre circulação da informação e do debate", acrescentou a ex-Presidente do Chile designada Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos em 2018, argumentando ainda que o combate à desinformação não deve resultar em atos de censura.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório