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Detenções e apelo à calma em França depois de protesto contra racismo

O Governo francês apelou hoje à calma, depois das manifestações contra o racismo e a violência policial que degeneraram em confrontos com a polícia e levaram, durante a madrugada, à detenção de 18 pessoas na região de Paris.

Detenções e apelo à calma em França depois de protesto contra racismo
Notícias ao Minuto

14:20 - 03/06/20 por Lusa

Mundo George Floyd

Na terça-feira, cerca de 20.000 pessoas juntaram-se frente ao Palácio da Justiça de Paris em protesto, depois da divulgação de um novo relatório forense que atribui a morte do jovem negro Adama Traoré, em 2016, à violência policial.

"Não há violência de Estado instituída no nosso país. Há uma investigação policial em curso. Confiamos na justiça para que apresente todos os esclarecimentos e diga se se justifica um julgamento", disse hoje à imprensa uma porta-voz do Governo, Sibeth Ndiaye, no final da reunião do Conselho de Ministros.

"A sua morte foi um drama que suscitou uma emoção legítima que continua presente", admitiu a porta-voz, frisando embora que o protesto não estava autorizado devido às restrições impostas para travar a propagação do novo coronavírus.

A manifestação começou por decorrer pacificamente, mas acabou por ser dispersada pela polícia, que recorreu a gás lacrimogéneo e cargas sobre os manifestantes, depois de alguns dos participantes terem lançado pedras e garrafas contra a polícia e vandalizado mobiliário urbano.

A porta-voz pediu para não se comparar a situação aos protestos nos Estados Unidos motivados pela morte do afro-americano George Floyd, que morreu por asfixia a 25 de maio depois de um polícia o ter imobilizado pressionando-lhe o pescoço com a perna durante nove minutos.

"A situação dos dois países não é comparável, nem pela história, nem pela organização da sociedade. Peço que o tema seja tratado com prudência", disse.

Dezoito pessoas foram detidas durante a madrugada na zona de Paris por incidentes relacionados com a manifestação, segundo informação avançada hoje pela polícia da capital francesa.

A câmara de Paris disse ainda que uma pessoa ficou ferida durante a manifestação.

Outras fontes policiais, citadas pela agência AFP, indicaram que sete pessoas foram detidas no âmbito de protestos semelhantes realizados noutras cidades de França.

O protesto foi convocado nas redes sociais por familiares e amigos de Adama Traoré, no dia em que foi divulgada uma perícia independente à morte do jovem de 24 anos.

Adama Traoré morreu a 19 de julho na esquadra de Persan, na região de Paris, duas horas depois de ter sido detido.

Segundo a família, durante a perseguição policial, Traoré foi imobilizado com uma técnica que lhe causou a morte, horas depois.

O relatório oficial concluiu que Traoré morreu de falha cardíaca, "provavelmente" devida a problemas de saúde preexistentes.

No protesto de terça-feira eram visíveis cartazes com referências ao caso de George Floyd, embora a maioria pedisse justiça para Adama Traoré.

Assa Traoré, irmã de Adama Traoré, disse à imprensa que, "infelizmente, a morte de George Floyd traz à memória" a morte do irmão.

"A indignação que vemos nos Estados Unidos... Passa-se exatamente o mesmo em França. Em França é ainda pior: nos Estados Unidos os polícias foram despedidos, em França foram recompensados", disse à televisão BFMTV.

A direita francesa condenou o protesto, considerando-o "inadmissível" face ao "estado de emergência sanitária", nas palavras do líder no Senado do partido Os Republicanos, Bruno Retailleau, à televisão Cnews.

"O que também é inaceitável é que algumas pessoas do comité de apoio à memória de Adama Traoré queiram fazer uma ligação entre o que se passou nos Estados Unidos e o que, por assim dizer, se passou há quatro anos em França", acrescentou.

À esquerda, pelo contrário, o líder da França Insubmissa, considerou as imagens do protesto "impressionantes pela calma e determinação tranquila" dos manifestantes.

Numa mensagem no seu blogue, Mélenchon defendeu a "juventude humilhada pelos controlos incessantes, a injustiça permanente e a violência policial impune".

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