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EUA.Organizadora de protesto diz que violência não é provocada por negros

A organizadora de um protesto pacífico que teve lugar em Worcester, Estados Unidos, disse hoje à Lusa que observa "muita propaganda" negativa, mas "as pessoas negras não são a principal causa da violência" que sempre existiu no país.

EUA.Organizadora de protesto diz que violência não é provocada por negros
Notícias ao Minuto

21:31 - 02/06/20 por Lusa

Mundo EUA/Floyd

Magdelene Barjolo, ativista de 21 anos e líder do coletivo 'Amplify Black Voices' (amplificar vozes negras), que juntou mais de duas mil pessoas na cidade de Worcester na segunda-feira para uma manifestação de solidariedade, considerou haver "muita propaganda e que os meios de comunicação social focam-se nas transgressões", mas a causa dos protestos por todo o país não deve ser confundida com os saques que acontecem.

"Se querem culpar os manifestantes de instigarem isso [os motins] tudo bem, mas nós demonstramos as razões pelas quais temos de protestar. Porque negros estão a morrer, esse é o porquê. Não esqueçam isso", afirmou a ativista, acrescentando que a violência é usada pela polícia e pelos supremacistas brancos.

"Na situação atual, as pessoas focam-se nas coisas materiais e não se focam na quantidade de vidas humanas que já se perderam" provocadas pelo racismo ou discriminação sexual, comentou, adiantando que a comunidade negra está "abalada e chateada".

"As pessoas têm de entender que os nossos sentimentos são muito válidos e que as pessoas negras não são a principal causa da violência", insistiu à Lusa.

A ativista disse que foi "exposta durante toda a vida" à diferença racial que existe na sociedade norte-americana e que sempre quis defender a sua cor de pele. "Eu sabia que era negra antes de mais nada", referiu.

"Estava cansada disso aos 5 anos de idade e continuo cansada aos 21", garantiu a jovem.

Depois da morte do afro-americano George Floyd em Minneapolis (Minnesota), pressionado contra o chão com o joelho de um polícia branco durante quase nove minutos, a jovem, originária de Worcester (Massachusetts), decidiu contactar um amigo para partilhar a vontade de "fazer alguma coisa" e os dois apelaram ao público e a um vereador da cidade com esta ideia, a que muitos aderiram rapidamente e deram contributos.

A manifestação de segunda-feira em Worcester incluiu discursos de vários ativistas, inclusive do vereador Khrystian King, e declamação de poesia em frente ao tribunal.

Por volta das 23:00 dessa noite (04:00 de hoje em Lisboa), registaram-se confrontos entre a polícia e alguns cidadãos.

"Muitos dos protestos começam sempre pacíficos, mas o que acontece é que a polícia e os supremacistas brancos envolvem-se e as coisas não correm bem", sustentou Magdelene Barjolo.

Questionada pela Lusa, a ativista disse não saber como é que a violência começou depois daquele protesto, mas que viu vídeos em que "a polícia estava a ameaçar pessoas e a obrigar que fossem para casa", tendo os manifestantes protestado.

"A liberdade de expressão é parte da Constituição norte-americana, mas quando os negros querem exercer a liberdade de expressão impõe-se o recolher obrigatório e são criminalizados. Os negros estão a usar esse direito para defender a nossa gente", realçou Magdelene Barjolo.

"Não sei o que estavam à espera, os motins e pilhagens não são nada de novo na América" e foram "adotados" das demonstrações "de supremacistas brancos", apontou Magdelene Barjolo.

"Já vimos inúmeras vezes como os brancos utilizam a violência e os saques para chamar atenção para as suas causas e para própria vantagem", concluiu.

O coletivo "Amplify Black Voices" recebe doações regulares para ajuda à comunidade, pelo que na manifestação recolheu doações de garrafas de água ou máscaras de proteção, porque "a comunidade negra está a ser impactada desproporcionalmente pela covid-19".

"Recebemos muita coisa, inclusive dinheiro, que foi usado para comprar reservas e para doar a um fundo do Minnesota e ao banco alimentar de Worcester", declarou a organizadora da manifestação pacífica.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

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