Grupo armado mantinha hoje ocupação de importante vila de Cabo Delgado
O grupo armado que ocupou na quinta-feira a vila de Macomia, principal localidade do centro da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, ainda se encontrava na zona hoje de manhã, disseram à Lusa duas fontes.
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Mundo Moçambique
Com base em testemunhos de familiares residentes em Macomia, as duas fontes relataram que os homens armados ainda ocupavam e circulavam pela vila às 7:00 de hoje (06:00 de Lisboa).
Desde a manhã de quinta-feira ficou difícil acompanhar a evolução da situação porque as comunicações por telemóvel são várias vezes cortadas, aparentemente porque o grupo armado destruiu infraestruturas de telecomunicações e de fornecimento de energia elétrica.
O bispo de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, Luiz Lisboa, disse à Lusa que os padres e outro pessoal da paróquia da Igreja Católica em Macomia deixaram a vila para locais seguros, mas acrescentou não ter mais informação devido a problemas de comunicação.
"[Os padres] deixaram a vila para salvar a sua vida e não consigo informação segura sobre o que se passa neste momento", declarou Luiz Lisboa.
Uma fonte do Ministério da Defesa Nacional moçambicano disse à Lusa que a situação em Macomia "ainda está a ser analisada pelo comando conjunto" das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que é dirigido pelo Ministério do Interior.
A Lusa ainda não conseguiu ouvir o Ministério do Interior sobre o assunto.
A vila de Macomia é o principal ponto de encontro a meio da estrada asfaltada que liga o norte ao sul da província, tem uma agência bancária, vários serviços e estabelecimentos comerciais, é sede de um distrito com cerca de 100 mil habitantes.
Está situada a cerca de 200 quilómetros da capital provincial, Pemba.
Macomia foi há um ano a zona urbana mais atingida pelo ciclone Kenneth, um dos mais graves de sempre a atingir Moçambique, em abril de 2019, matando 45 pessoas no Norte do país.
O ataque a Macomia aconteceu no mesmo dia em que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, ofereceu um cheque de quatro milhões de meticais (52.000 euros) e 40 mil máscaras para apoio às vítimas da violência em Cabo Delgado deslocadas em Pemba e noutros locais.
A ajuda foi canalizada pelo secretário-geral da Frelimo ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
Cabo Delgado está sob ataques de grupos armados rebeldes desde outubro de 2017, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista.
Desde há um ano o grupo 'jihadista' Estado Islâmico passou a reivindicar alguns dos ataques.
Em dois anos e meio de conflito estima-se que já tenham morrido, no mínimo, 550 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afetadas, sendo obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros, perdendo casa, hortas e outros bens.
O Governo moçambicano tem relatado algumas respostas pelas FDS contra os grupos armados, reiterando que está a reprimir a violência, mas a invasão e ocupação de povoações têm-se intensificado desde o início do ano.
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