A operação policial, que recebeu o nome de "Waterfront" e que tinha como principal alvo a máfia da Calábria 'Ndrangheta, resultou na identificação e detenção de 63 pessoas, incluindo 11 funcionários públicos, segundo um comunicado da polícia local.

Os suspeitos são acusados de fraude, corrupção e desvio de fundos públicos, incluindo fundos oriundos da União Europeia (UE).

"O objetivo desta rede criminosa era controlar o sistema de todos os contratos públicos da Calábria", referiu a polícia.

Catorze suspeitos foram colocados em regime de detenção e os ativos financeiros de 45 pessoas individuais e de 35 empresas foram apreendidos na região da Calábria (sul), em Roma e na Toscana (norte).

Segundo os investigadores, a rede criminosa estava organizada em torno de várias empresas que tinham conseguido "pelo menos 22 contratos públicos, numa fraude sistemática contra a região da Calábria e a Comissão Europeia".

Sete destes contratos públicos, adjudicados entre 2007 e 2013, envolviam cerca de 42 milhões de euros de fundos europeus destinados ao desenvolvimento urbano da localidade portuária de Gioia Tauro (na Calábria) e da respetiva costa.

O esquema fraudulento foi igualmente identificado em outros contratos públicos que também envolviam fundos da UE.

A par das manipulações contratuais, a investigação policial também estabeleceu ligações com empresas subcontratadas, que utilizavam materiais de baixa qualidade no desenvolvimento dos projetos previstos, como estradas, complexos desportivos ou parques de estacionamento subterrâneos.

A rede 'Ndrangheta, palavra que vem do grego antigo e é sinónimo de heroísmo ou coragem, é conhecida geralmente por ter superado as máfias siciliana e napolitana graças ao tráfico de cocaína proveniente da América Latina.

Tendo como base uma estrutura muito familiar, esta rede criminosa está estabelecida principalmente na Calábria, mas acabou por se tornar também influente na zona norte e em outras regiões do mundo.

Segundo especialistas, é a única máfia presente em todos os continentes.

Esta operação policial ocorre numa altura em que Itália, país fortemente atingido pela pandemia do novo coronavírus com o registo de mais de 33 mil vítimas mortais, começou um processo de retoma gradual das atividades económicas, após mais de dois meses de confinamento, e tenta reavivar uma economia fragilizada.

A capacidade de influência e de mobilização destes grupos organizados junto de algumas populações mais empobrecidas pela pandemia, mas também a possibilidade de novas fraudes com dinheiros públicos, são matérias que preocupam as autoridades italianas.

Em dezembro passado, outra grande operação policial visando a 'Ndrangheta resultou em 334 detenções, incluindo a prisão de um coronel da polícia e de um antigo deputado.

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