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Autoridade do governo britânico "manchada" por controvérsia com assessor

O politólogo Steven Fielding, da Universidade de Nottingham, considera que a autoridade do Governo britânico e em particular do primeiro-ministro, Boris Johnson, vai ficar "manchada" pela polémica em redor do assessor Dominic Cummings.   

Autoridade do governo britânico "manchada" por controvérsia com assessor
Notícias ao Minuto

12:59 - 26/05/20 por Lusa

Mundo Politólogo

"Tornou-se numa questão muito significativa na forma como as pessoas normais vão passar a olhar para o governo" e que arrisca criar a imagem de que este é um "governo que determina as regras, mas não as respeita", disse hoje o professor de Ciências Políticas da Universidade de Nottingham à agência Lusa.

Fielding receia ainda que a autoridade do Governo para fazer respeitar o que resta do confinamento seja "enfraquecida" porque muitas pessoas vão questionar a necessidade de continuar a cumprir as regras quando "Dominic Cummings faz o que lhe apetece".  

Cummings foi acusado de violar o regime de confinamento decretado pelo governo para travar a pandemia covid-19 quando decidiu conduzir cerca de 420 quilómetros de automóvel a 27 de março para se isolar na residência dos pais, em Durham, no norte de Inglaterra. 

A viagem aconteceu na noite após ter sido conhecido que tanto Boris Johnson como o ministro da Saúde, Matt Hancock, estavam infetados e em isolamento, e na mesma semana em que o governo ordenou às pessoas para ficarem em casa excepto para situações excecionais

Numa conferência de imprensa inédita na segunda-feira nos jardins da residência oficial do primeiro-ministro, em Downing Street, para prestar esclarecimentos, Dominic Cummings disse que fez a viagem para estar perto da família por receio de perder a capacidade de tomar conta do filho de quatro anos, tendo em conta que a mulher já apresentava sintomas de infeção com o coronavírus.

No seu depoimento, garantiu que nunca esteve em contacto com os pais ou restantes familiares, mas admitiu que saiu de casa várias vezes quando já estava infetado, nomeadamente para ir buscar o filho e a mulher de carro ao hospital e quando visitou um bosque privado da família. 

Posteriormente, em 12 de abril, após ter sido declarado apto para voltar ao trabalho, adiantou ter-se deslocado a Barnard Castle, um local turístico a cerca de 50 quilómetros de onde estava, mas apenas para testar a capacidade de conduzir de regresso a Londres. 

Numa sondagem realizada no sábado pelo instituto YouGov, 68% dos inquiridos consideraram que o confinamento foi violado e 52% mostraram-se favoráveis à demissão. 

Apesar das críticas dentro do partido Conservador, Boris Johnson considerou "responsável, legal e com integridade" a forma como o 'assessor especial' agiu, mas esta manhã, o sub-secretário da Escócia, Douglas Ross, apresentou a demissão. 

"Tenho eleitores que não puderam dizer adeus aos seus próximos; famílias que não puderam fazer luto juntas; pessoas que não visitaram familiares doentes porque seguiram as orientações do governo. Não posso de boa fé dizer-lhes que eles estavam errados e um assessor do Governo estava certo', acrescentou.  

A imprensa tem sido quase unânime nas críticas e hoje o Daily Mail como o Daily Mirror usam como manchete "Sem desculpas, sem arrependimento", enquanto que na primeira página do Metro lê-se "Stay Elite", numa referência à diferença de atitudes no cumprimento do confinamento.

Pelo menos 20 deputados do partido Conservador já apelaram publicamente à demissão de Cummings, segundo o site ConservativeHome, mas o politólogo da universidade de Nottingham, Steven Fielding, afirma que Boris Johnson vai depender o seu assessor porque ele tem "um poder excecional do governo". 

"Ele é mais do que um assessor especial e este primeiro-ministro está determinado em salvá-lo. Este governo é muito diferente de anteriores se tivermos em conta que uma pessoa não eleita é considerada totalmente necessária para o futuro do governo. Se ele sair, Boris Johnson não cai completamente, mas vai tornar-se muito diferente. Ele é uma personagem central", conclui.

Até segunda-feira, o governo britânico contabilizou 36.914 mortes durante a pandemia covid-19, o segundo balanço mais elevado no mundo, atras dos EUA.

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