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Pelo menos 200 casas queimadas em aldeia da minoria rakhine em Myanmar

Imagens de satélite que mostram 200 casas destruídas no estado de Rakhine, no noroeste de Myanmar (ex-Birmânia), são evidências de um novo crime de guerra no país, denunciou hoje a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW).

Pelo menos 200 casas queimadas em aldeia da minoria rakhine em Myanmar
Notícias ao Minuto

12:49 - 26/05/20 por Lusa

Mundo ONG

A análise de imagens de satélite mostrou que pelo menos 200 casas foram incendiadas em 16 de maio na aldeia de Let Kar - que tem sobretudo população da minoria rakhine -, no município de Mrauk U, denunciou hoje a Human Rights Watch.

A ONG pediu hoje uma investigação independente sobre esta situação para estabelecer as devidas responsabilidades.

Numa sangrenta repressão em 2017, o exército birmanês forçou cerca de 740.000 rohingyas -- uma minoria muçulmana - a fugir do país, o que levou Myanmar a ser julgado por genocídio no mais alto tribunal da ONU.

Hoje, na mesma região noroeste do país, os militares birmaneses estão envolvidos num conflito com o Exército de Arakan (AA), insurgentes lutando por mais autonomia para a minoria rakhine.

Desde janeiro de 2019, dezenas de civis foram mortos, centenas feridos e cerca de 150.000 deslocados devido à crescente violência na região.

Este ataque na aldeia de Let Kar tem "todas as marcas dos métodos usados pelos soldados nas aldeias rohingya" no passado, declarou um responsável da HRW para a Ásia, Phil Robertson.

"É urgentemente necessária uma investigação credível e imparcial para descobrir o que aconteceu, punir os responsáveis e compensar os moradores prejudicados", acrescentou Robertson.

Acredita-se que ninguém morreu no ataque. A maioria dos moradores já havia fugido em abril do ano passado.

Kyaw Zaw Hla, de 46 anos, que vive num campo próximo, confirmou que a sua casa é uma das destruídas.

"Perdemos tudo. Não temos como ganhar a vida e não temos acesso à saúde ", disse Kyaw Zaw Hla à AFP por telefone.

O exército birmanês e o exército Arakan negam qualquer responsabilidade, acusando a outra parte de ter cometido o que poderia constituir um crime de guerra, de acordo com a HRW.

Fotos das forças armadas birmanesas mostram que "insurgentes do AA fogem depois de incendiar a aldeia", disse o porta-voz do exército, Zaw Min Tun, acusação negada pelo AA.

A área devastada por esse conflito deixou de ter acesso a internet e está proibido o acesso também aos jornalistas, dificultando as reportagens independentes.

Yanghee Lee, especialista em direitos humanos e relatora da ONU para Myanmar, pediu no mês passado uma investigação sobre possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

A investigadora acusou o exército birmanês de ter feito desaparecer, torturado e matado dezenas de membros da AA, alegações imediatamente negadas pelo exército.

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