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Bolsonaro nega interferência na polícia e diz acreditar em arquivamento

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, voltou hoje a negar que tenha interferido na Polícia Federal e disse acreditar no arquivamento do inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal para apurar o caso.

Bolsonaro nega interferência na polícia e diz acreditar em arquivamento
Notícias ao Minuto

23:49 - 25/05/20 por Marta Moreira

Mundo Brasil

"Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles. Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto. Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do inquérito", indicou Bolsonaro, num comunicado enviado à imprensa.

Jair Bolsonaro emitiu a nota no seguimento da divulgação, na última sexta-feira, de um vídeo de uma reunião ministerial ocorrida em 22 de abril.

A reunião de ministros em causa é apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova sobre a alegada interferência de Bolsonaro na Polícia Federal e a divulgação da sua gravação foi decretada pelo Supremo Tribunal Federal.

O chefe de Estado usou ainda o comunicado para defender a "harmonia" entre os poderes, apelando para a "união de todos".

"Reafirmo o meu compromisso e respeito com a democracia e membros dos poderes legislativo e judiciário. É momento de todos se unirem. Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo", acrescentou o Presidente brasileiro, que habitualmente comunica através das redes sociais.

Bolsonaro concluiu o comunicado reiterando a sua "lealdade e compromisso com os valores e ideais democráticos" que o "conduziram à Presidência da República".

O documento foi divulgado após Bolsonaro se ter encontrado com procurador-geral da República do Brasil, Augusto Aras.

O Supremo Tribunal Federal brasileiro divulgou na sexta-feira o vídeo de uma reunião ministerial realizada em abril, na sede da Presidência, em Brasília, apontada por Sergio Moro como prova da alegada interferência do Presidente na polícia.

A reunião de ministros em causa ocorreu em 22 de abril, dois dias antes da renúncia de Moro, quando denunciou "pressões inaceitáveis" feitas por Bolsonaro em relação à Polícia Federal, um órgão autónomo subordinado ao Ministério da Justiça, embora o seu diretor seja nomeado pelo Presidente da República.

"O Presidente disse-me, mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contacto pessoal dele [para quem] ele pudesse ligar, [de quem] ele pudesse colher informações, [com quem] ele pudesse colher relatórios de inteligência. Seja o diretor [da Polícia Federal], seja um superintendente", declarou Moro, ao anunciar a sua demissão.

Após as acusações de Moro, o Supremo Tribunal Federal determinou a abertura de um inquérito com o intuito de apurar a alegada interferência ilegal de Bolsonaro.

Na reunião, Bolsonaro disse: "Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f* [palavrão] minha família toda de 'sacanagem', ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura".

"Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira", disse o chefe de Estado, visivelmente irritado, no vídeo.

Ao longo do encontro com ministros, Bolsonaro criticou ainda o serviço de informações do Governo, que considerou "uma vergonha".

"Que me desculpe o serviço de informação nosso - todos - é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade", afirmou Bolsonaro, exaltado.

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