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ONU pede que se aproveite aparente acalmia para solução política

O enviado da ONU para a Síria pediu hoje às potências internacionais que aproveitem a aparente acalmia atualmente registada naquele país e avancem com uma solução política que acabe com um conflito que dura há quase uma década.

ONU pede que se aproveite aparente acalmia para solução política
Notícias ao Minuto

18:17 - 18/05/20 por Lusa

Mundo Síria

"Com alguma calma, com as ameaças comuns da covid-19 e do Estado Islâmico (EI), e com o povo sírio ainda a sofrer, quero enfatizar que uma cooperação internacional renovada e significativa, o reforço da confiança entre os atos internacionais e sírios, incluindo com medidas recíprocas, é algo essencial", defendeu Geir Pedersen, numa intervenção dirigida ao Conselho de Segurança da ONU.

Na intervenção, realizada por videoconferência, o diplomata norueguês sublinhou a importância de um diálogo entre a Rússia e os Estados Unidos - dois dos cinco Estados-membros permanentes do Conselho de Segurança - para alcançar algum progresso na questão síria, apelando à unidade dos países que integram este órgão máximo das Nações Unidas (por ter a capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo).

Geir Pedersen alertou que a aparente acalmia que se regista atualmente no território sírio pode terminar a qualquer momento e pode desencadear um novo pico de violência.

Nesse sentido, segundo defendeu o enviado especial, a comunidade internacional deve aproveitar a oportunidade atual.

"Existiram demasiados momentos na última década em que se perderam oportunidades para mudar a dinâmica em direção a uma via política", lembrou Geir Pedersen, realçando que sempre que tal aconteceu as posições de todas as partes envolvidas endureceram e a saída para o conflito tornou-se mais complicada.

O enviado especial assinalou que os incidentes violentos registados ao longo das últimas semanas no território sírio, envolvendo nomeadamente forças do regime sírio e 'jihadistas', devem ser encarados por todos como um aviso sobre a fragilidade do cessar-fogo iniciado em março no noroeste da Síria.

O atual cessar-fogo, mediado pela Rússia (aliado de Damasco) e pela Turquia (que apoia alguns grupos rebeldes), foi adotado após vários meses de uma forte ofensiva conduzida pelo regime sírio, com o apoio da força aérea russa, que provocou naquela região perto de um milhão de deslocados e pelo menos 500 mortos civis.

A calma precária registada ao longo dos últimos dois meses permitiu que cerca de 120 mil deslocados regressassem às respetivas casas, segundo a ONU.

Ainda hoje, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos denunciou que 'jihadistas' do grupo extremista EI executaram a tiro 11 pessoas, a maioria combatentes de milícias pró-regime sírio, num período de dois dias.

Estas execuções aconteceram numa estrada no deserto na província de Deir Ezzor (leste da Síria), que liga esta região, que faz fronteira com o Iraque, à capital síria (Damasco), segundo a organização não-governamental.

Ainda na intervenção dirigida ao Conselho de Segurança da ONU, o enviado especial explicou que o comité responsável pela redação de uma nova Constituição síria, sob a mediação das Nações Unidas, está pronto a trabalhar, aguardando apenas o levantamento das atuais restrições ao nível das viagens internacionais impostas por causa da pandemia da doença covid-19.

Ainda sobre a pandemia, Geir Pedersen alertou que o perigo do novo coronavírus continua presente naquele país fortemente fragilizado devido ao conflito, salientando que um possível surto na Síria teria "consequências devastadoras".

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.

Num território fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, em quase uma década, mais de 380 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.

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