Comissão da ONU propõe apoios para 34,7% da população na América Latina
A Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) pediu hoje a implementação imediata de uma renda básica para os 215 milhões de pessoas em situação de pobreza em 2020, devido aos efeitos da pandemia de covid-19.
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Mundo Covid-19
"Os governos devem garantir transferências monetárias temporárias imediatas para satisfazer as necessidades básicas e sustentar o consumo das famílias, pois será crucial para alcançar uma recuperação sólida e relativamente rápida", disse a secretária-geral da CEPAL, Alicia Bárcena.
A CEPAL é uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas e tem sede em Santiago do Chile, capital do Chile.
Segundo o mais recente estudo da CEPAL, a designada renda básica de emergência deve ter uma duração de pelo menos seis meses e ser equivalente a uma linha de pobreza, representando o custo 'per capita' da aquisição de uma cesta básica de alimentos e outras necessidades essenciais, fixado em 2010 no valor de 143 dólares por mês (cerca de 132 euros).
"A médio e longo prazos o ideal é alcançar uma renda básica universal que garanta à população o direito de deixar a subsistência", afirmou Alicia Bárcena.
Até ao momento, um total de 29 países da região aplicou 126 medidas de proteção social para a população pobre e vulnerável, com transferências de dinheiro e alimentos para 90,5 milhões de famílias, mas a secretária-geral considera este valor ainda assim "insuficiente".
A pandemia do novo coronavírus vai causar a pior recessão da história da América Latina, com a economia a contrair 5,3% este ano, o que implicará 11,6 milhões de novos desempregados, segundo aquela comissão regional.
A CEPAL estima que a taxa de pobreza vai aumentar de 30,3 para 34,7%, o que significa um aumento de 28,7 milhões de pessoas este ano, e a de extrema pobreza de 11 para 13,5% (16 milhões de pessoas).
"A pandemia tornou visíveis os problemas estruturais do modelo económico e as deficiências dos sistemas de proteção social. Construir um estado de bem-estar é essencial para evitar outra década perdida", acrescentou Bárcena.
A região, com 626 milhões de pessoas e considerada a mais desigual do mundo, enfrenta a pandemia num momento de fraqueza económica e vulnerabilidade macroeconómica, com uma expansão do Produto Interno Bruto que mal chegou a 0,1% em 2019.
Antes da pandemia, que já afeta mais de quatro milhões de pessoas em todo o mundo e causou mais de 287.000 mortes, a CEPAL esperava que a região crescesse no máximo 1,3% neste ano.
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