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Violência, seca e Covid-19 ameaçam segurança alimentar em Moçambique

A violência armada em Cabo Delgado (norte) e o terceiro ano de seca no sul devem prevalecer como principais causas de insegurança alimentar em Moçambique nos próximos meses, agravada pela covid-19, refere um relatório internacional.

Violência, seca e Covid-19 ameaçam segurança alimentar em Moçambique
Notícias ao Minuto

12:24 - 12/05/20 por Lusa

Mundo Covid-19

As duas zonas norte e sul pintadas a laranja vivo destacam-se no mapa do país atualizado pela Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, na sigla inglesa), que agrega organizações norte-americanas e serve como ferramenta de auxílio à ação humanitária.

Laranja vivo é a cor do nível três de alerta (nível de stress), numa escala de que vai do nível um (risco mínimo) até ao nível cinco (fome severa).

No nível três, os agregados familiares mais vulneráveis "reduzem a frequência e quantidade das refeições, recorrem a comida mais barata e pedem-na a familiares ou amigos".

"Também recorrem a alimentos silvestres, menos desejados e menos recomendados", lê-se no relatório ao descrever o dia-a-dia da população do sul de Moçambique e do norte, na faixa costeira de Cabo Delgado.

Os níveis de stress devem prevalecer nas duas regiões, alerta a rede Fews, cujo mais recente relatório faz uma antevisão até setembro e prevê um novo problema.

"Em todo o país, o número de pessoas que necessitam de ajuda alimentar de emergência é suscetível de aumentar devido aos impactos relacionados com a covid-19", destaca.

É que devido às restrições globais e no país, com abrandamento da economia, "as oportunidades diárias de ganhar alguma coisa têm sido drasticamente afetadas para milhares de famílias urbanas pobres".

Devido às medidas tomadas para conter a proliferação da pandemia da covid-19, provocada pelo novo coronavírus, prevê-se que "um número significativo de agregados familiares vulneráveis em zonas urbanas e periurbanas entre em stress (nível dois de risco) para garantir alimentos, durante o mês de maio, uma vez que as atividades remuneradas são mais limitadas". 

Se o abrandamento da economia e as restrições em curso ainda estiverem em vigor em junho, é provável que "a insegurança alimentar aguda nas zonas urbanas se agrave à medida que as poupanças e o apoio dos amigos e família diminuem, conduzindo a lacunas alimentares para as famílias mais vulneráveis que provavelmente irão entrar no nível de crise alimentar", antevê o relatório.

Para já, o atual estado de emergência no país, para prevenção da pandemia, está em vigor até final de maio.

Além deste pano de fundo, a seca nas províncias de Gaza e Inhambane e a violência armada em Cabo Delgado vão impedir as famílias de ter as suas colheitas de subsistência.

Ao mesmo tempo, o preço dos alimentos permanece alto, incessível para muitas, sendo que as famílias que socorrem os seus membros mais desamparados deverão em breve deixar de ter recursos disponíveis, nota o documento.

Os preços altos dos alimentos devem-se à escassez de fornecimento que já se verificava nalguns artigos, como o milho, agravada nos últimos dois meses com as restrições de circulação fronteiriça e com o abrandamento da economia sul-africana devido à pandemia de covid-19.

Este cenário tem levado a um aumento de preços nos circuitos de comércio informal que abastecem a maioria da população.

O cenário faz também aumentar o número de emigrantes que regressa a casa, fazendo crescer as necessidades de alimentação e diminuindo as remessas oriundas do país vizinho.

No caso de Cabo Delgado, "prevê-se um aumento do número de famílias deslocadas e espera-se que muitas delas necessitem de assistência alimentar humanitária de emergência", prevê o relatório.

O cenário é mais estável em zonas antes afetadas por ciclones e inundações, que poderão enfrentar níveis de stress, mas, no geral, incorrem em riscos mínimos de insegurança alimentar.

"As famílias pobres serão capazes de satisfazer as suas necessidades alimentares básicas, embora nalgumas áreas não possam pagar outros produtos não alimentares", lê-se no relatório.

"A recuperação económica será muito provavelmente lenta, sendo pouco provável que os rendimentos regressem aos níveis anteriores durante vários meses", conclui.

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