Violência em Ituri, RDCongo, força 200 mil pessoas a fugir desde março
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) mostrou-se hoje alarmado com a escalada de violência em Ituri, no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), que desde março forçou 200.000 pessoas a fugir.
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"O ACNUR continua alarmado com o atual surto de ataques violentos contra as populações locais na província de Ituri, na República Democrática do Congo, onde mais de 200 mil pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas nos últimos dois meses", disse o porta-voz desta agência das Nações Unidas, Charlie Yaxley, numa conferência online.
"O ACNUR apela a todas as partes em conflito para que respeitem a vida civil e o trabalho humanitário. Cinco milhões de pessoas foram desenraizadas na RDCongo, incluindo 1,2 milhões na província de Ituri", afirmou.
Em Ituri, soldados do exército estão a combater o grupo armado Codeco que afirma estar a defender os interesses da comunidade Lendu (agricultores) contra outra comunidade, a Hema (pastores e comerciantes).
Mais de 700 civis foram mortos nesta nova escalada de violência desde dezembro de 2017, segundo as Nações Unidas, que alerta para um possível "crime contra a humanidade".
A violência intensificou-se desde o lançamento, em dezembro de 2019, de uma operação militar sob o comando de forças governamentais contra vários grupos armados na província.
E a escalada tornou-se ainda mais pronunciada em meados de março, com contraofensivas lideradas por estes mesmos grupos.
O ACNUR e os seus parceiros afirmam ter documentado mais de 3.000 "graves violações dos direitos humanos" no território de Djugu, nos últimos dois meses, com pelo menos 50 ataques por dia contra a população local. Segundo Yaxley, pessoas deslocadas relataram atos de "violência extrema" que resultaram em, pelo menos, 274 mortes de civis.
"Mais de 140 mulheres foram violadas e quase 8.000 casas arderam", acrescentou.
"A grande maioria dos deslocados são mulheres e crianças, muitas das quais vivem em famílias de acolhimento sobrelotadas. Outros estão a dormir no exterior ou em edifícios públicos, como escolas, fechados devido à pandemia de Covid-19", afirmou.
Por último, o ACNUR está preocupado com a falta de acesso das organizações humanitárias às populações locais nos territórios de Djugu e Mahagi, bem como com a ameaça de escassez de alimentos.
"A falta de recursos financeiros também afeta a nossa capacidade de satisfazer as necessidades básicas da população deslocada. O nosso apelo a donativos para angariar 154 milhões de dólares [142 milhões de euros] para a RDCongo é apenas 18% do objetivo", disse Charlie Yaxley.
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