Vice-PM diz que é impossível realizar presidenciais na Polónia no domingo
O vice-primeiro-ministro encarregado da organização das presidenciais na Polónia disse hoje que não acredita que as eleições possam realizar-se no domingo, como planeado, porque a legislação que autoriza o voto por correio está por aprovar.
© Reuters
Mundo Polónia
Jacek Sasin, citado pela Associated Press, disse que o Governo está a considerar adiar a votação para 17 de maio ou para 23 de maio, datas sugeridas na semana passada pelo primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki.
O Governo nacionalista polaco tinha decidido manter a data das eleições, mas, devido à pandemia associada à covid-19, realizá-las exclusivamente por voto por correspondência.
Mas a legislação necessária, apresentada pelo partido no poder, o Lei e Justiça (PiS), está no Senado, onde deverá ser votada na quarta-feira e seguir para a Dieta (câmara baixa), para votação final.
O Senado é controlado pela oposição, que defende o adiamento das eleições.
Mesmo que a lei seja aprovada, resta muito pouco tempo para que os boletins de voto cheguem aos 30 milhões de eleitores até domingo, disse Jacek Sasin.
"A data de 10 de maio é difícil de cumprir", disse o vice-primeiro-ministro à Radio Zet. "Se a lei entrar em vigor a 07 de maio [quinta-feira], não será possível ter o processo de votação pronto".
Também o presidente da Comissão de Eleições, Sylwester Marciniak, considerou, em declarações ao diário Rzeczpolita, que "não é possível realizar as eleições a 10 de maio".
A Comissão foi anteriormente afastada da organização do processo eleitoral, entregue ao vice-primeiro-ministro e aos serviços postais.
A votação final, na câmara baixa, deverá realizar-se na quinta-feira, mas o PiS não tem ainda garantia de que a lei reúna votos suficientes. Apesar de o PiS ter uma estreita maioria no parlamento, alguns deputados do partido defendem o adiamento das presidenciais.
"Se a lei do voto postal for rejeitada, podemos ter uma crise política", disse o ministro da Saúde, Lukasz Szumowski, à emissora estatal Radio 3.
O PiS apoia a recandidatura o presidente cessante, Andrzej Duda, o favorito nas sondagens, cujo mandato termina a 6 de agosto.
Segundo uma sondagem publicada há dez dias, apenas um em cada quatro polacos é favorável a organização da eleição a 10 de maio.
A realização das eleições presidenciais por correspondência tem sido contestada por numerosas organizações nacionais e internacionais.
Na semana passada, todos os ex-presidentes da Polónia e a maioria dos ex-primeiros-ministros declararam-se contra a votação numa carta conjunta publicada na imprensa polaca.
A eleição "não será nem geral nem justa [...] sem garantia de voto secreto e sem possibilidade de um controlo cívico da integridade do seu desenrolar", sustentam Lech Walesa, líder histórico do movimento Solidariedade, e os dois presidentes que lhe sucederam, Aleksander Kwasniewski (esquerda) e Bronislaw Komorowski (centro-esquerda), assim como os ex-primeiros-ministros Marek Belka, Jan-Krzysztof Bielecki, Wlodzimierz Cimoszewicz, Ewa Kopacz, Kazimierz Marcinkiewicz e Leszek Miller.
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