ONU adverte Israel contra planos de anexação de parte da Cisjordânia
A ONU advertiu hoje o novo Governo israelita que os planos para anexar parte da Cisjordânia ocupada constituem "uma séria violação da lei internacional", um "golpe devastador para a solução de dois estados" e o fim das negociações.
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Mundo ONU
"A perigosa perspetiva de anexação por parte de Israel de partes da Cisjordânia ocupada é uma ameaça crescente", assegurou o enviado das Nações Unidas para o Médio Oriente, Nickolai Mladenov, durante uma comparência perante o Conselho de Segurança reunido por videoconferência.
O novo executivo de "união e urgência", anunciado após o acordo entre os antigos rivais Benjamin Netanyahu e Benny Gantz e que termina com um prolongado impasse político, admite a possibilidade de anexação de parte dos territórios ocupados a partir de julho.
Mladenov sublinhou que a concretização deste objetivo ameaçará "os esforços para avançar com a paz na região" e recordou que a Autoridade Palestiniana ameaçou cancelar a aplicação de todos os acordos bilaterais e "fechar a porta" a novas negociações caso Israel prossiga com o plano.
Na reunião, o representante palestiniano na ONU, Riyad Mansur, insistiu que a anexação nunca será aceite e apelou à comunidade internacional para se juntar aos palestinianos na sua resposta.
Na segunda-feira, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro em exercício e líder do Likud (direita nacionalista), anunciou um acordo de governo com o general Benny Gantz, líder da coligação centrista e liberal Azul e Branco, que registou de imediato diversas deserções.
As posições de Gantz sobre o prosseguimento da ocupação da Cisjordânia, a anexação do vale do Jordão e o recurso a ações militares para responder aos ataques a partir da Faixa de Gaza -- um enclave palestiniano com dois milhões de habitantes controlado pelo movimento radical Hamas e submetido a bloqueio total -- são idênticas às de Netanyahu.
O acordo de governo prevê que uma lei de anexação possa ser adotada a partir de 01 de julho, na condição de a iniciativa ser apoiada pela administração norte-americana.
Esta condição constituiu mera formalidade pelo facto de a anexação de algumas regiões da Cisjordânia -- vale do Jordão e colonatos israelitas -- estar incluída no "plano de paz" revelado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, em 28 de janeiro.
Analistas também têm sublinhado que entre as cedências de Gantz para firmar o acordo com Netanyahu inclui-se a sua renúncia em alterar a lei sobre "Israel, Estado-nação do povo judeu", exclui da cidadania os palestinianos de Israel, cerca de 20% da população.
Na reunião de hoje do Conselho de Segurança, a resposta ao novo coronavírus também ocupou parte das intervenções, com o enviado da ONU a sublinhar a coordenação entre israelitas e palestinianos para enfrentar a pandemia em colaboração com a ONU.
No entanto, Riyad Mansur acusou Israel de prosseguir as agressões em plena pandemia, com o embaixador israelita, Danny Danon, a censurá-lo por ignorar os esforços do exército judaico na assistência à população.
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