Dezenas de chefes da máfia italiana podem ser libertados das prisões italianas devido ao risco de contraírem o novo coronavírus, como dá conta o The Guardian. A justiça italiana já libertou pelo menos três mafiosos infames e decidiu colocá-los em prisão domiciliária. 

O L'Espresso noticiou esta quarta-feira que um dos líderes da máfia libertados foi Francesco Bonura, de 78 anos. Bonura é um dos chefes mais influentes da Cosa Nostra e cumpria uma pena de prisão de 23 anos. 

Como parte dos termos da libertação, Bonura pode sair da sua casa para deslocações relacionadas com saúde. 

Nas últimas semanas, os juízes também ordenaram a libertação de Vincenzino Iannazzo, 65 anos, e de Rocco Santo Filippone, 72 anos, ambos alegados chefes da 'Ndrangheta. O juíz que libertou Filippone justificou a decisão com o facto de uma eventual infeção de Covid-19 poder revelar-se fatal, uma vez que este sofre de uma doença cardiovascular. 

Atualmente, estão nas prisões italianas 74 chefes da máfia com mais de 70 anos e que sofrem de graves problemas de saúde, entre os quais se destaca Nitto Santapaola, de 81 anos, considerado o 'chefe dos chefes' da máfia siciliana. 

"É uma situação muito alarmante. Em Itália, aproximadamente 12 mil membros de organizações criminosas estão na prisão. Alguns guardas prisionais têm referido que há reclusos a abraçarem-se com o alegado objetivo de aumentarem a possibilidade de contraírem o vírus e serem libertados da prisão", advertiu Leo Beneduci, secretário-geral do Osapp, o maior sindicato de guardas prisionais italiano. 

"O risco é de que possamos encontrar o vírus da máfia nas ruas juntamente com a Covid-19. Seria uma dupla pandemia que não podemos permitir que aconteça", realçou Lirio Abbate, editor do jornal L'Espresso. 

O ministro da Justiça de Itália, Alfonso Bonafede, esclareceu, esta quarta-feira, que a decisão de libertar os chefes da máfia não foi tomada pelo governo e que ia averiguar essa situação. 

Recentemente, especialistas em questões da máfia italiana, entre os quais Roberto Saviano, jornalista e autor do livro 'Gomorra', alertaram que estas organizações criminosas poderão tirar partido da cada vez mais fragilizada economia italiana para controlar um número ainda maior de empresas. 

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