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Pandemia marca primeiros 100 dias de Sánchez mas não apaga debilidades

Os primeiros 100 dias de Pedro Sánchez como primeiro-ministro do novo Governo espanhol, que se assinalam quinta-feira, foram marcados pela pandemia de covid-19, que não apagou as debilidades iniciais de um executivo inédito, formado por socialistas e comunistas.

Pandemia marca primeiros 100 dias de Sánchez mas não apaga debilidades
Notícias ao Minuto

12:59 - 15/04/20 por Lusa

Mundo Espanha

Pedro Sánchez tomou posse em 8 de janeiro e formou o primeiro executivo de coligação entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o Unidas Podemos (extrema-esquerda) com um apoio minoritário no parlamento.

"Penso que esta coligação, mesmo tendo um apoio minoritário, vai sobreviver, porque as duas forças estão condenadas a entender-se. Não há outra alternativa no parlamento", disse à agência Lusa o professor de Meios de Comunicação e Política da Universidade de Navarra Carlos Barrera.

Pedro Sánchez só conseguiu iniciar a sua segunda experiência como chefe do Governo depois de ser investido numa segunda votação da câmara em que conseguiu a maioria simples dos deputados e a abstenção que foi decisiva de dois partidos regionais independentistas, um catalão e outro basco.

Depois de dois meses iniciais com muitos anúncios de que vinham aí novos tempos, com políticas "progressistas" de esquerda, a ameaça de alcance ainda desconhecido provocada pela covid-19 levou à declaração do "estado de emergência", em vigor desde 15 de março.

Essa decisão deu a Sánchez poderes extraordinários que nenhum outro primeiro-ministro espanhol teve na época democrática (a partir de 1978) para combater uma pandemia que continua a provocar muitas mortes.

Precisamente um mês após a instauração desse período de exceção, os efeitos da gestão da crise estão a deteriorar rapidamente a vida política espanhola, com a oposição de direita a aumentar as críticas ao executivo, que também é confrontado com fricções internas, devido a diferenças importantes sobre como está a ser conduzida a luta contra a pandemia e sobre o futuro económico do país.

Sánchez tem de um lado os seus parceiros comunistas, que o pressionam a tomar medidas de extrema-esquerda de reposta à crise, e do outro a direita, que o acusa de se querer aproveitar da situação para destruir o tecido económico que cria a riqueza do país.

Muito pressionado, o primeiro-ministro quer agora iniciar a discussão de um pacto para a reconstrução de Espanha, com todas as forças políticas, governos regionais, empresários e sindicatos.

"Esta proposta de grande acordo não é mais do que marketing político com um futuro mais do que incerto, que nem a direita nem os independentistas querem", disse Carlos Barrera.

Pedro Sánchez pretende reeditar os chamados "Pactos da Moncloa", um compromisso assinado no palácio com o mesmo nome, que é a sede do Governo espanhol, durante a transição democrática espanhola, em 25 de outubro de 1977, e que teve o apoio de partidos, associações empresariais e sindicais, com o objetivo de estabilizar o processo de transição para o sistema democrático.

O politólogo Pablo Simón também está convencido de que este acordo é "impossível" e que o chefe do executivo apenas "pretende ganhar oxigénio" numa altura em que "a situação é muito incerta".

Enquanto no estrangeiro o grau de apoio nacional aos chefes de Governo que estão a lutar contra o novo coronavírus tem aumentado, em Espanha a evolução tem sido diferente, com Sánchez a ser cada vez mais criticado pela gestão da situação.

De acordo com uma sondagem realizada entre 03 e 08 de abril do Instituto Ipsos junto de 2.000 pessoas, 51% dos espanhóis consideram que a gestão da crise do coronavírus pelo primeiro-ministro espanhol é má ou muito má.

As Forças Armadas, que têm tido um papel importante na crise, são a instituição que os inquiridos mais valorizam nesta crise sanitária, enquanto apenas 25% dos inquiridos avaliaram a gestão de Sánchez como boa ou muito boa.

Apesar de criticar duramente o Governo socialista pela forma como tem conduzido o processo de luta contra a covid-19, a principal formação da oposição, o Partido Popular (PP, direita) tem dado o seu apoio ao prolongamento do "estado de emergência", ao contrário do Vox (extrema-direita), o terceiro maior partido representado no parlamento, que não apoiou a segunda renovação de 15 dias do período de exceção.

Espanha é o país com mais mortos com a pandemia por cada milhão de habitantes (386 óbitos), seguida pela Bélgica (359), Itália (338) e França (229), numa lista em que os Estados Unidos têm 71 e Portugal 52.

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