HRW pede celeridade ao governo na investigação da morte de manifestantes
A Human Rights Watch (HRW) exortou hoje o governo de transição do Sudão a acelerar os esforços para investigar e julgar os crimes cometidos por forças de segurança contra manifestantes desde dezembro de 2018.
© Reuters
Mundo Sudão
Lembrando que a onda de protestos contra o aumento de preços, que levou à queda do presidente Omar al-Bashir em abril de 2019, se iniciou em dezembro de 2018, a organização de defesa dos direitos humanos lamenta que, um ano depois do derrube do regime, as famílias dos manifestantes que morreram, incluindo adolescentes e crianças, continuem à espera de justiça.
"As autoridades sudanesas deveriam acelerar os seus esforços para fazer o que é correto. A justiça não deveria ser negada ou adiada", afirma a HRW um comunicado, citando a sua diretora para a África Oriental, Jehanne Henry.
A organização afirma que as forças de segurança governamentais, em particular os Serviços de Inteligência e Segurança Nacional (NISS), usaram força "excessiva e letal, incluindo munições, para acabar com os protestos, matando dezenas de manifestantes desarmados em cada mês".
Sublinhando que o número total de mortos não é conhecido, a HRW afirma que grupos independentes estimam que mais de 100 pessoas foram mortas entre dezembro de 2018 e 11 de abril de 2019, quando Al-Bashir foi deposto, tendo a Amnistia Internacional confirmado pelo menos 77 mortos neste período.
Em 11 de abril de 2019, um conselho de transição militar assumiu funções e anunciou que Al-Bashir e vários dos seus aliados do partido no poder tinham sido presos, sublinhando a HRW que o líder do NISS, Salah Gosh, não foi detido e terá alegadamente fugido para o Egito em maio.
Os manifestantes continuaram a exigir que as autoridades militares entregassem o poder aos civis, tendo as forças de segurança dispersado violentamente os manifestantes que protestavam sentados no dia 03 de junho de 2019, matando cerca de 120 pessoas entre essa data e 18 de junho, afirma a HRW, citando grupos médicos.
A Human Rights Watch afirma que, depois de documentar os acontecimentos de 03 de junho e dos dias seguintes, concluiu que estes se podem classificar como "crimes contra a humanidade, porque foram parte de uma política governamental de uso excessivo e letal de força contra manifestantes desarmados".
A HRW recomenda a criação, pelo governo de transição criado em 17 de agosto, resultante de um acordo entre grupos da oposição e os militares, de "uma entidade independente para investigar os abusos cometidos desde dezembro de 2018, incluindo violência sexual".
A organização lamenta que o comité criado para investigar o que aconteceu a 03 de junho tenha sido alvo de críticas pela sua lentidão e inacessibilidade, especialmente para as vítimas de violência de género.
"Um ano depois da queda de Al-Bashir, é muito dececionante os manifestantes, vítimas e suas famílias, verem que a justiça não avança", declarou o advogado de direitos humanos Rifat Makkawi, citado pela HRW.
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