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Polícia "reprimiu violentamente" partidários da oposição na Guiné-Conacri

As forças de segurança da Guiné-Conacri "reprimiram violentamente" os partidários da oposição antes e durante o referendo constitucional e das eleições legislativas de 22 de março, denunciou hoje a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).

Polícia "reprimiu violentamente" partidários da oposição na Guiné-Conacri
Notícias ao Minuto

12:39 - 10/04/20 por Lusa

Mundo Guiné-Conacri

Em comunicado, a HRW acusa a polícia de ter matado "pelo menos oito pessoas, incluindo duas crianças", e ferido mais de 20.

Soma-se a denúncia de que, desde meados de fevereiro, também foram presas "dezenas de supostos apoiantes da oposição", tendo "desaparecido à força pelo menos 40", lê-se na nota da HRW.

Em 22 de março, o referendo constitucional na Guiné-Conacri, que se realizou no dia em que também decorria o escrutínio para as eleições legislativas, ficou marcado por cenas de violência e pelo medo da pandemia de covid-19, conforme noticiou a imprensa local.

Mais de 90% dos detentores do poder proclamaram um "sim" no referendo sobre a nova Constituição proposta pelo chefe de Estado, vista pela oposição como um estratagema para este se manter no poder.

A oposição rejeitou estes resultados e os Estados Unidos da América, a União Europeia e a França puseram em causa a credibilidade do referendo e das eleições legislativas no país.

A HRW descreve que soldados armados se deslocaram para a capital da Guiné, dispararam gás lacrimogéneo contra manifestantes, "matando pelo menos seis pessoas, incluindo uma mulher, e ferindo pelo menos oito homens".

"As forças de segurança da Guiné responderam a protestos populares com violência excessiva. O Governo deve controlar imediatamente as forças de segurança e os líderes da oposição devem fazer os possíveis para ajudar a impedir abusos", disse Ilaria Allegrozzi da HRW na África Ocidental.

Na base dos protestos está a intenção do presidente Alpha Cond, 81 anos, de concorrer a um terceiro mandato presidencial nas eleições agendadas para o final de 2020.

No comunicado divulgado hoje, a HRW dá conta de que entrevistou 60 vítimas, familiares e testemunhas, além de 15 trabalhadores, nomeadamente médicos, jornalistas, advogados, membros do partido da oposição e representantes da sociedade civil.

Descreve, também, que analisou fotografias e vídeos para corroborar os relatos de vítimas e testemunhas, tendo contactado o ministro de Segurança e Proteção Civil, Albert Damatang Camara, para partilhar a sua análise e solicitar esclarecimentos.

"Camara não respondeu", lê-se no comunicado desta organização não-governamental que, mais abaixo cita declarações do ministro divulgadas num comunicado de imprensa em 22 de março.

"[O referendo] ocorreu em condições pacíficas em todo o território. Mas certos ativistas tentaram semear o terror em Conacri e em outras cidades", terá referido o governante.

Já numa entrevista em 31 de março, de acordo com a HRW, Câmara terá admitido que seis pessoas morreram em 22 de março, incluindo uma por acidente vascular cerebral, garantindo que as autoridades estavam a investigar.

Em 04 de março, o relator especial da Comissão Africana dos Direitos do Homem e Povos (CADHP) para a Guiné pediu ao Governo da Guiné-Conacri que cumpra a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos de forma a garantir eleições livres, justas e transparentes.

Numa resolução de 11 de fevereiro, o Parlamento Europeu manifestou preocupação com o aumento das tensões políticas e da violência naquele país da África Ocidental.

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