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Mo Ibrahim pede gestão coordenada da resposta à pandemia em África

A Fundação Mo Ibrahim apelou hoje para uma resposta coordenada à pandemia provocada pelo novo coronavírus em África, alertando que a fragilidade dos sistemas de saúde e falta de estatísticas fiáveis pode potenciar a letalidade do vírus no continente.

Mo Ibrahim pede gestão coordenada da resposta à pandemia em África
Notícias ao Minuto

18:14 - 31/03/20 por Lusa

Mundo Coronavírus

O apelo da fundação do empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim tem por base um relatório, lançado hoje, e que avalia o nível de preparação do continente para fazer face à pandemia de covid-19.

O documento, elaborado por peritos da fundação, reconhecida pelo seu trabalho na promoção da boa governação em África, assinala que apesar de o número de infeções e de mortes associadas ao novo coronavírus permanecer baixo, quando comparado com outras regiões, em duas semanas passaram de nove para 47 os países africanos que confirmaram casos da doença.

"Os já frágeis sistemas de saúde de África conjugados com o grande peso das doenças diabéticas e respiratórias e os densos aglomerados populacionais urbanos vão provavelmente aumentar a vulnerabilidade do continente e a letalidade do vírus", estima o documento, admitindo que situação venha a piorar muito.

Para a fundação, é, por isso, urgente melhorar os sistemas de saúde e o acesso das populações a cuidados médicos, bem como fortalecer a capacidade estatística dos países e como promover uma gestão coordenada da resposta ao nível do continente.

De acordo com dados do Índex Mo Ibrahim de Boa Governação, publicado anualmente, apenas 10 países africanos têm cuidados de saúde universais e gratuitos para os seus cidadãos, enquanto em 22 países estes serviços ou não existem ou não são gratuitos.

O documento aponta ainda que, apesar de 43 países africanos terem capacidade para fazer testes para despistagem de infeções pelo novo coronavírus, não estão preparados para monitorizar a entrada de viajantes ou o tratamento dos casos.

Assinaladas são também falhas na recolha de dados estatísticos com apenas oito países africanos com sistemas completos de registos de nascimento.

"A produção de dados é crucial durante emergências de saúde. As estatísticas de qualidade são essenciais em todos momentos do processo de tomada de decisões políticas, nomeadamente na saúde", sublinha a fundação.

A organização identifica uma fraqueza generalizada das estruturas de saúde, quer em termos de equipamento, quer de recursos humanos ou de cadeias de abastecimento, sublinhando que, neste contexto, o trabalho conjunto dos países é "mais crítico do que nunca".

A mesma importância é dada às campanhas de informação e sensibilização das populações para as medidas de saúde pública como forma de combater a desinformação e as notícias falsas associadas à pandemia.

O documento assinala ainda a fragilidade das infraestruturas rodoviárias no continente, que podem dificultar ou impedir o acesso rápido a áreas afetadas, bem como nas comunicações, consideradas fundamentais para a participação dos diagnósticos.

Recorrendo a dados da Comissão Económica das Nações Unidas para África, que reviu a previsão de crescimento económico do continente de 3,2% para 1,8%, a fundação sublinha a importância de uma resposta coletiva e organizada à pandemia, sob pena de reverter o crescimento das últimas décadas e provocar impactos negativos em áreas em que África tem registado progressos, quer seja na luta contra a malária ou no combate à pobreza.

"Mais do que isso, pode ir além economia e pôr em maior risco a fragilidade institucional de alguns países, alimentando novos conflitos e instabilidade", alerta a fundação.

O número de mortes pela covid-19 em África subiu para 173, com os casos confirmados a ultrapassarem os 5.000 em 47 países, de acordo com as mais recentes estatísticas sobre a doença no continente.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 38 mil.

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