Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
14º
MIN 13º MÁX 19º

Governo afegão divulga lista de negociadores para diálogo com os talibãs

O governo afegão divulgou uma lista de 21 negociadores, incluindo cinco mulheres, que deverão dialogar com os talibãs sobre o futuro do país após quatro décadas de guerra, anunciou hoje o ministro da Paz.

Governo afegão divulga lista de negociadores para diálogo com os talibãs
Notícias ao Minuto

19:22 - 27/03/20 por Lusa

Mundo Afeganistão

"Esta delegação (...) está essencialmente responsabilizada para representar o Afeganistão nas negociações de paz com os talibãs", indiciou o ministério em comunicado.

Os Estados Unidos, que continuam a exercer pressão sobre Cabul e decidiram esta semana interromper a ajuda bilateral para punir as divisões políticas internas no poder e que entravam o processo de paz, saudaram um "avanço considerável" em direção a negociações diretas inter-afegãs.

"Quero felicitar o Governo afegão e ainda os responsáveis políticos e a sociedade civil pelo seu compromisso", disse o emissário norte-americano Zalmay Khalilzad na rede social Twitter, ao considerar tratar-se de uma equipa de negociadores que representa a diversidade do Afeganistão e o "papel-chave" das mulheres.

O ex-chefe do executivo, Abdullah Abdullah, declarou-se vencedor das eleições presidenciais de setembro, apesar de a contagem oficial o ter colocado na segunda posição, atrás de Ashraf Ghani, uma situação que agravou a crise interna entre os líderes de Cabul.

Hoje, o Presidente afegão Ashraf Ghani apelou à delegação para considerar "o interesse superior do país" e a sua "posição de princípio a favor de um Afeganistão unido", para garantir "uma paz e estabilidade duráveis", de acordo com o comunicado governamental.

Os negociadores serão dirigidos pelo ex-chefe dos serviços secretos afegãos, Masoom Stanekzai que, enquanto 'pashtun', partilha a identidade étnica com os talibãs.

Entre as cinco mulheres inclui-se Habiba Sarabi, chefe -adjunta do Alto Conselho para a Paz (governo) e proveniente da comunidade 'hazara', uma minoria com predomínio da corrente religiosa xiita, que os talibãs sunitas perseguiram no passado. A deputada Fawzia Koofi, uma virulenta crítica dos insurgentes, também integra a delegação.

Os talibãs comprometeram-se a iniciar conversações de paz com o governo afegão e discutir um eventual cessar-fogo global num acordo assinado em 29 de fevereiro com os Estados Unidos em Doha, que prevê uma retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão num prazo de 14 meses em troca de garantias por parte da rebelião.

As discussões, com início previsto para 10 de março, foram atrasadas devido à lentidão de Cabul na designação dos seus negociadores. Surgiu ainda um diferendo sobre a libertação de um máximo de 5.000 prisioneiros talibãs em troca de 1.000 membros das forças de segurança afegãs detidos pelos rebeldes, uma medida incluída no acordo de Doha mas não ratificada por Cabul.

As duas partes registaram na quarta-feira progressos nesta questão e segundo Zalmay Khalilzad estão de acordo "para iniciar as libertações de prisioneiros em 31 de março".

"Uma equipa de representantes dos talibãs vai encontrar-se frente a frente com o governo nos próximos dias no Afeganistão", anunciou igualmente o Conselho nacional de segurança afegão, um organismo oficial.

É a primeira vez que os insurgentes e o governo do Presidente Ghani se encontram oficialmente. As suas partes contactaram na semana passada e na quarta-feira em videoconferência para abordar a questão dos prisioneiros.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório