Cabul e talibãs dão início a troca de prisioneiros para o final de março
A libertação de 5.000 talibãs e de 1.000 prisioneiros das forças de segurança afegãs vai iniciar-se em 31 de março, na sequência de um acordo hoje firmado entre representantes do governo afegão e o movimento rebelde durante uma videoconferência.
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Mundo Afeganistão
No encontro de cerca de quatro horas, centrado na libertação dos prisioneiros, participaram o Grupo de Contacto Inicial de Paz, do governo afegão, e a equipa técnica dos talibãs, na presença de representantes dos Estados Unidos, Qatar e do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Nesta conferência foi decidido que o processo de libertação dos prisioneiros vai iniciar-se em 31 de março", referiu através da rede social Twitter o porta-voz político dos talibãs, Suhail Shaheen, no final da videoconferência.
A libertação dos prisioneiros era uma condição imposta pelos rebeldes para futuras negociações alargadas sobre o futuro do país.
As duas partes confrontavam-se desde há semanas sobre a troca de um máximo de 5.000 prisioneiros talibãs contra cerca de 1.000 membros das forças de segurança afegãs detidos pela rebelião, uma medida incluída no acordo entre os Estados Unidos e os talibãs assinado em 29 de fevereiro em Doha, mas não ratificado pelos dirigentes de Cabul.
Em 11 de março os talibãs tinham rejeitado uma proposta de Cabul sobre a libertação faseada de 5.000 prisioneiros insurgentes em troca de uma redução "importante" das violências, e quando permaneciam adiadas as eventuais discussões entre as duas partes sobre o futuro do Afeganistão.
Na ocasião, o governo afegão advertiu os talibãs que as suas tropas iriam retomar a ofensiva militar caso prosseguissem os ataques dos insurrectos.
O Presidente afegão, Ashraf Ghani, criticou na ocasião o acordo EUA-talibãs em nome da "soberania nacional", mas o seu porta-voz Sediq Sediqqi anunciou posterirmente a publicação de um decreto com uma "solução de compromisso", a libertação de 1.500 insurgentes, que foi rejeitada pela rebelião.
O acordo EUA-talibãs, já aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, prevê a retirada total das forças norte-americanas do Afeganistão num prazo de 14 meses, na condição do respeito pelos rebeldes dos seus compromissos securitários e do início de um diálogo inter-afegão.
O acordo de Doha prevê que o contingente norte-americano no Afeganistão seja reduzido dos atuais 12.000 a 13.000 soldados para 8.600 até meados de julho. As Forças Armadas dos EUA já iniciaram a retirada de duas bases, incluindo uma situada na província de Helmand (sul), em grande parte controlada pelos talibãs.
O início da desmobilização das forças norte-americanas, que poderá permitir aos talibãs o reforço do seu controlo no terreno, coincidiu com graves divergências no governo afegão, que vinha emitindo crescentes sinais de divisão.
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