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Covid-19. Supermercados alemães preparados para aumento da procura

Efeitos do Covid-19 revelam-se nas prateleiras vazias e em produtos esgotados, com consequências no aumento das vendas, em cerca de 40%, na região de Berlim e Brandeburgo, onde os supermercados garantem estar preparados para cobrir as necessidades.

Covid-19. Supermercados alemães preparados para aumento da procura
Notícias ao Minuto

08:13 - 07/03/20 por Lusa

Mundo Covid-19

Se nas ruas, transportes públicos, ou no trabalho os alemães parecem tranquilos em relação à epidemia de Covid-19 provocada por um novo coronavírus, os supermercados espelham o sentimento de ameaça já familiar.

Depois de guerras e da divisão da cidade durante quase três décadas, os berlinenses aprenderam a "amealhar" em caso de incerteza, o fenómeno tem até um nome: 'Hamsterkäufe'.

Com uma espécie de bata cinzenta, uma funcionaria sobe a um pequeno escadote para abrir uma caixa de cartão perdida na última prateleira. "É o que há", estende a um cliente apanhado de surpresa pela falta de massa nas prateleiras.

"Se 'o corona' só chegou a Berlim no fim de semana passado, como e que isto já está assim?", pergunta o jovem da Bélgica, a estudar há cerca de dois anos na capital alemã.

David considera a reação exagerada e lamenta que as pessoas reajam com tanto alarmismo. "Isto vai passar e vamos rir-nos todos disto", assume, confiante. "Até lá vou comer o que houver nas prateleiras e que não seja muito caro", acrescenta.

Ali ao lado, uma senhora de idade observa com atenção as estantes onde deveria estar a farinha. Segura um pequeno pacote com a indicação "bio" a verde.

"Nunca usei isto na vida", desabafa Bettina, "mas antes isto que não ter para comer", sorri. Garante não ter medo do vírus de que tanto se fala, mas sim da fome ou da histeria das pessoas. "Eu nunca passei fome, não me posso queixar, mas aprendi a viver com pouco, no lado de lá (leste de Berlim) tínhamos pouco", sublinha.

De acordo com a Associação Comercial de Berlim e Brandeburgo, as vendas na região aumentaram cerca de 40% nos últimos dias.

Em declarações à agência Lusa, Kristina Schutz, porta-voz do grupo Rewe, que detém também os supermercados Penny, admite um "crescimento da procura por produtos não perecíveis, enlatados e produtos de higiene".

"Não há escassez no fornecimento de mercadorias", assegura. "Aumentámos e ajustámos a frequência de entregas nas nossas lojas, estamos bem preparados para a situação", frisa.

Também o grupo Aldi confirma uma "solicitação maior de produtos com validade mais longa, como conservas ou macarrão", explica à Lusa a porta-voz Anamaria Inden.

"Estamos em contacto próximo com os nossos fornecedores para garantir que todos os produtos estejam disponíveis. Se, de alguma forma, houver um défice no fornecimento, pedimos a compreensão dos nossos clientes", avança.

O Lidl refere mesmo vendas "significativamente mais altas". Melanie Poter, do gabinete de comunicação, admite que "juntamente com os seus fornecedores e parceiros de logística, a Lidl Alemanha garante que as filiais sejam abastecidas com bens suficientes e que os armazéns tenham 'stock' de artigos com alta procura".

Joana Almeida admite já ter passado por seis supermercados só nos últimos dias. Em todos notou a falta de produtos de higiene, como papel higiénico, e conservas ou massa. Numa conhecida rede de drogarias alemã há mesmo um papel informando os clientes da falta de produtos de desinfeção.

"Assustada não fiquei. Tenho acompanhado a situação e só me apercebi que os supermercados estavam assim há alguns dias", conta a portuguesa à agência Lusa.

Decidiu duplicar a quantidade das compras do mês pensando principalmente na filha. "Não o fizemos por uma questão de acumular, mas caso fiquemos de quarentena, e como já é tão difícil conseguir alguns produtos, decidimos comprar dois pacotes de cada", exemplifica.

"Não vejo as pessoas assustadas nem nervosas, encontrei algumas com máscaras, mas não me pareceram alemães. Vi, num autocarro, uma senhora a mandar um senhor sair porque estava a tossir e era um perigo para os outros", partilha.

Na quarta-feira, 04 de março, o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, sublinhou que a "epidemia de coronavírus na China se transformou numa pandemia mundial", destacando que Berlim está a levar a situação "muito a sério".

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