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ONGs pedem fim de ataques nas regiões anglófonas dos Camarões

Duas organizações não-governamentais (ONG) internacionais apelaram hoje às partes em conflito nas regiões anglófonas dos Camarões para que parem os ataques a civis e promovam os direitos humanos e a lei humanitária internacional.

ONGs pedem fim de ataques nas regiões anglófonas dos Camarões
Notícias ao Minuto

17:32 - 04/03/20 por Lusa

Mundo ONG

"O Comité Internacional de Resgate (IRC, na sigla inglesa) e o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC, na sigla em inglês) apelam a todas as partes no conflito nas regiões Noroeste e Sudoeste dos Camarões para que cumpram os direitos humanos internacionais e a lei humanitária internacional e parem todos os ataques a civis sem demora", refere um comunicado conjunto.

No documento, as duas ONG referem que a crise anglófona camaronesa tem resultado num "crescente número de relatos de ataques contra civis, património e violações do espaço humanitário".

"Mais de 700.000 pessoas estão deslocadas, perto de um milhão de crianças estão fora das escolas e a necessidade de ajuda humanitária está a acumular-se", refere a mesma nota.

As ONG acrescentam que os sobreviventes da região têm relatado "ataques terríveis que deixaram crianças órfãs, pessoas desalojadas e limitado ou cortado o acesso a instituições públicas, como hospitais e escolas".

"Não podemos assistir em silêncio que civis sem defesas, que já sofrem de privações extremas, sejam atacados enquanto procuram assistência vital", assinalou a diretora regional do NRC para a África Central e Ocidental, Maureen Magee.

Já o vice-presidente regional do IRC para a África Ocidental, Paul Taylor, defendeu que a crise anglófona "precisa de mais atenção".

"As pessoas têm sido obrigadas a fugir e a dormir ao relento sem comida ou água potável. As agências de apoio humanitário precisam de recursos adicionais para responder às necessidades dos deslocados pela crise", vincou Paul Taylor.

As duas organizações pediram ainda uma "cessação imediata dos ataques civis" às partes em conflito, a quem solicitaram respeito pelas equipas de ajuda humanitária.

Os Camarões são governados pelo Presidente Paul Biya há 37 anos, sendo que o Partido Popular Democrático dos Camarões (PPCD) detém uma maioria absoluta no parlamento desde 1997, utilizando-a para bloquear a discussão de situações como o problema nas zonas anglófonas.

Impulsionado por pressões externas e internas, Paul Biya organizou um diálogo nacional em outubro de 2019 para discutir a crise separatista, no qual se recomendou, entre outras medidas, o estabelecimento de uma maior autonomia para as regiões.

A crise das regiões anglófonas, que começou em 2016 com protestos pacíficos e a exigência de um uso mais igualitário do inglês nos tribunais e nas escolas, numa nação em que 80% da população é francófona, agudizou-se em finais de 2017.

Nesse ano, em resposta à repressão violenta do exército de uma comemoração de independência simbólica das regiões anglófonas, muitos grupos separatistas pegaram em armas para exigirem mais direitos.

O conflito nestas regiões, onde vivem três milhões de pessoas, causou cerca de três mil mortos, de acordo com o International Crisis Group (ICG), e provocou mais de 530 mil deslocados, segundo a agência da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).

Os Camarões foram uma colónia britânica e francesa até 1960, ano em que o país conquistou a independência de ambas as potências e instituiu um estado federal. Em 1972 foi celebrado um referendo, que deu luz verde à unificação do país.

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