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Covid-19: Xenofobia contra orientais cresce no Brasil

A xenofobia e o racismo contra a comunidade asiática explodiram no Brasil e se tornaram num outro efeito preocupante da chegada do novo coronavírus ao país sul-americano.

Covid-19: Xenofobia contra orientais cresce no Brasil
Notícias ao Minuto

17:01 - 04/03/20 por Lusa

Mundo Covid-19

Chineses e japoneses, especialmente, estão sujeitos a ataques no país, principalmente nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde vivem um grande número de orientais e descendentes de asiáticos.

"Povo chinês pare de comer gatos venenosos" e "os chineses são desumanos, me dão nojo", são dois exemplos dos abundantes comentários na página da rede social Facebook do Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina), denunciou o presidente da instituição, Thomas Law.

Law, citado pela agência noticiosa Efe, lamentou o aumento exponencial no "discurso de ódio" e "comentários racistas" no Brasil contra orientais desde janeiro deste ano, quando eclodiu a crise do novo coronavírus.

Os brasileiros "precisam entender que o vírus é um vírus, não tem rosto, não tem nacionalidade e pode circular em qualquer lugar", disse o presidente do Ibrachina.

Discursos racistas e xenófobos foram além das plataformas digitais e a discriminação também atingiu o mundo real, relatou Si Lao, jovem chinesa que reside desde 2011 em São Paulo, onde ensina mandarim e mantém um canal no YouTube chamado Pula Muralha, no qual lançou uma série de vídeos com informações sobre a doença.

"Queria comprar máscaras, mas pensei que, se as comprasse, as pessoas pensariam que eu estava infetada. Não fui à farmácia, fiquei com medo", admitiu a professora.

A jovem, que estudou em Wuhan, no epicentro da nova epidemia, reconheceu estar preocupada com amigos e familiares que moram naquela região e lembrou que, embora "apenas números sejam vistos, cada número é uma história".

A maior população chinesa da América Latina vive no Brasil e é composta por cerca de 380 mil pessoas, 80% das quais estão no estado de São Paulo, o mais populoso e rico do país.

Embora o racismo tenha aumentado, a epidemia do novo coronavírus oficialmente infetou apenas duas pessoas no Brasil, que regressaram de viagens à Itália.

Manifestações de discriminação contra a comunidade chinesa se expandiram no país, "não fazendo distinção" ou simplesmente "caindo ao lado do insulto racial", apontou o presidente do Ibrachina.

Além de ter a maior população chinesa da América Latina, o Brasil possui a maior comunidade de japoneses fora do Japão e, de acordo com o último censo de 2010, existem mais de 2 milhões de orientais ou descendentes no país, o que representa 1,1% da população urbana e rural brasileira.

Uma descendente da japonesa Marie Okabayashi de Castro Lemos, estudante de direito, relatou ter sido vítima de um episódio de racismo e xenofobia após ser insultada por uma passageira num vagão do elétrico urbano no Rio de Janeiro.

Na rede social Twitter, Marie Lemos publicou um vídeo que mostrava a suposta mulher que também a rotulou de "nojenta" e a acusou de "espalhar a doença" para todos.

Combater o crescente preconceito contra os orientais foi um dos principais pedidos da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, durante uma sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.

O Brasil, que registou o primeiro caso de coronavírus na América Latina, possui dois casos confirmados da nova epidemia, embora mais de 430 estejam sendo investigados no país, a maioria no estado de São Paulo.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3.200 mortos e infetou mais de 93 mil pessoas em 78 países, incluindo cinco em Portugal.

Das pessoas infetadas, cerca de 50 mil recuperaram.

Além de 2.983 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para "muito elevado".

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