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Irão rejeita obrigação de dar acesso a locais aos inspetores nucleares

O Irão rejeitou hoje a obrigatoriedade de dar acesso aos inspetores internacionais a instalações que, segundo apontou a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), são suspeitas de terem sido usadas para desenvolver atividades nucleares clandestinas.

Irão rejeita obrigação de dar acesso a locais aos inspetores nucleares
Notícias ao Minuto

14:17 - 04/03/20 por Lusa

Mundo Irão

"Qualquer pedido de esclarecimento ou de acesso adicional por parte da AIEA com base (...) em informações fabricadas por serviços de informações, incluindo os do regime israelita, (...) não cria qualquer obrigação para o Irão de considerar esses pedidos", declarou o embaixador iraniano junto daquela agência da ONU, Kazem Gharib Abadi, um dia depois da organização, chefiada por Rafael Mariano Grossi, ter desafiado Teerão a decidir-se se quer cooperar de "forma mais clara" e fornecer os "esclarecimentos necessários" sobre o seu programa nuclear.

O embaixador reagia igualmente a um relatório da AIEA, citado na terça-feira pelas agências internacionais, que denuncia que Teerão recusou recentemente o acesso de inspetores da agência da ONU a dois locais.

No relatório, consultado pelas agências francesa e norte-americana France-Presse (AFP) e Associated Press (AP), respetivamente, a AIEA explica que os dois locais mencionados fazem parte de um conjunto de três instalações, identificadas pela agência, que levantou questões "relacionadas com a possibilidade de material nuclear e atividades nucleares não declaradas".

Uma fonte diplomática precisou à AFP que essas eventuais atividades do Irão terão ocorrido antes da assinatura em Viena, em 2015, do acordo internacional que visava limitar as capacidades nucleares de Teerão.

O regime iraniano argumenta que não é obrigado a explicar as ações que desenvolveu antes do tratado nuclear internacional, atualmente ameaçado.

O acordo de 2015 foi posto em causa depois de os Estados Unidos terem decidido retirar-se dele unilateralmente, em maio de 2018, e restabelecer sanções económicas ao Irão, que os restantes signatários (França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China) não conseguiram contrariar.

Em resposta, e perante uma economia iraniana asfixiada com as sanções norte-americanas, Teerão decidiu, a partir de maio de 2019, deixar de respeitar alguns dos compromissos do acordo, que limitava grandemente a sua atividade nuclear.

Israel, que tal como os Estados Unidos sempre criticou o acordo internacional nuclear por considerar que este não oferecia garantias suficientes, acusa regularmente Teerão de mentir sobre as suas atividades na área nuclear, numa violação dos compromissos internacionais assumidos.

O embaixador Kazem Gharib Abadi apontou hoje críticas aos Estados Unidos e a Israel por terem fornecido à AIEA, segundo defende Teerão, "informações fabricadas" relacionadas com os locais sob suspeita.

"Uma vez mais, os regimes norte-americano e israelita estão a tentar pressionar a agência (AIEA) para a desviar das suas funções estatutárias, de forma a distorcer a cooperação e as relações pró-ativas e construtivas entre a agência e o Irão", defendeu o representante iraniano.

Numa entrevista à AFP, divulgada na terça-feira, o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, declarou que pretendia soar o "alarme" e criticou a falta de transparência do regime iraniano.

Ainda na entrevista, o diretor-geral da AIEA frisou que o Irão assumiu obrigações ao abrigo do acordo.

"A política, é uma escolha. Com as inspeções, não brincamos. Devemos respeitar as responsabilidades em relação às inspeções", insistiu o representante.

"Estas não são questões académicas. Existem lugares, indícios, informações da agência sobre as quais precisamos de ser mais claros e, neste momento, isso não é possível", afirmou, em declarações à AFP, Rafael Mariano Grossi.

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