Abertura de arquivos podem estudar silêncio do Vaticano, diz Muscznik
A investigadora Esther Muscznik considera que a abertura dos arquivos do Vaticano podem ajudar a estudar o silêncio do Papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial e que será também importante para vários países.
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Mundo Vaticano
"De facto, o silêncio a que se remeteu, por vários motivos, a hierarquia e sobretudo o Papa continuam por explicar. Porque, de facto, uma voz como a do Papa teria um impacto muito importante na altura e a não existência dessa voz naquela altura terá tido consequência negativas", disse à Lusa Esther Muscznik fundadora e presidente da Associação Memória e Ensino do Holocausto e ex-vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa.
"Espero que os arquivos nos façam compreender melhor o que se passou naquela época", sublinha acrescentando que é importante para todos os países a abertura dos arquivos.
Os arquivos que conservam a documentação de Eugenio Pacelli (Papa Pio XII), durante o pontificado que se prolongou entre 1939 e 1958, vão ser desclassificados a partir de segunda-feira por decisão do Papa Francisco.
O Vaticano confirmou na semana passada a abertura dos arquivos reforçando a ideia de que a consulta da documentação venha a esclarecer o silêncio do Papa Pio XII acusado durante as últimas décadas de não ter levantado a voz contra o nazismo e o fascismo durante a II Guerra Mundial.
"A Igreja não tem medo da História. Pelo contrário", disse o Papa Francisco no dia 04 de março de 2019 quando anunciou a abertura da documentação relativa ao pontificado de Pio XII.
Apesar das posições e "silêncios" do Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial, Esther Muscznik sublinha que "não se pode esquecer" o papel que individualmente ou até coletivamente freiras, padres, escolas e conventos que esconderam e salvaram "crianças judias" correndo o risco de vida.
"Isso é um dado extremamente importante", afirmou.
Esther Musczmik é autora, entre outras obras, do livro "Portugueses no Holocausto".
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