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"Não consigo saber qual é a posição do governo de Espanha", diz Torra

O líder regional da Catalunha, Quim Torra, afirmou hoje em Lisboa que continua a desconhecer as respostas do governo central espanhol para resolver o "conflito político" catalão, um dia depois do arranque do diálogo entre Madrid e Barcelona.

"Não consigo saber qual é a posição do governo de Espanha", diz Torra
Notícias ao Minuto

16:38 - 27/02/20 por Lusa

Mundo Catalunha

Sem querer minimizar o significado da primeira reunião da "mesa de diálogo" entre os governos espanhol e catalão, ocorrida na quarta-feira em Madrid, o presidente da Generalitat (como também é conhecido o executivo regional da Catalunha) realçou que nesta altura ainda não conseguiu perceber qual é a posição do executivo liderado por Pedro Sanchéz sobre a questão catalã.

"É a quarta vez que tenho uma reunião com (o presidente do executivo) Sanchéz. Não consigo saber, no entanto, qual é a posição do governo de Espanha", afirmou Quim Torra, em declarações à comunicação social portuguesa e espanhola.

Torra falava hoje, em Lisboa, momentos antes da cerimónia de inauguração da nova sede da delegação do governo regional da Catalunha em Portugal, um dia depois de ter participado na primeira reunião da "mesa de diálogo" sobre o futuro daquela região espanhola.

No Palácio La Moncloa (residência oficial do primeiro-ministro de Espanha), em Madrid, Torra foi recebido pelo chefe do executivo, Pedro Sánchez, que liderou a delegação do governo central.

"A posição do governo da Catalunha é muito clara. É o exercício do direito da autodeterminação, formulada num referendo que permita aos cidadãos da Catalunha decidir o seu futuro político democraticamente", prosseguiu o líder regional.

"A partir desse ponto, quando estivermos de acordo sobre como se exerce esse direito de autodeterminação, e a segurança jurídica que teremos de ter neste processo, teremos de encontrar uma fórmula para este diferendo", reforçou.

Quim Torra destacou ainda outra pretensão do executivo regional catalão, que defende uma "reparação por tudo o que sucedeu", ou seja, o "fim da repressão" e a "amnistia" dos "presos políticos".

O líder da Generalitat frisou, no entanto, que o "conflito político" que está em cima da "mesa de diálogo" está relacionado com a soberania da região catalã.

"Esta é a mesa para falarmos precisamente disto, deste conflito político. Porque se acabar a repressão ou a saída dos presos políticos ou o regresso dos exilados, o conflito político irá continuar. O conflito político é de soberania, (...) o conflito tem por base o deixar exercer o direito de autodeterminação da Catalunha", sublinhou.

Sobre os futuros encontros com o executivo central espanhol, Quim Torra indicou que será realizada outra reunião no próximo mês de março.

"A ideia é irmos progredindo nestas reuniões", concluiu.

Quim Torra marcou hoje presença na inauguração da nova sede da delegação do governo da Catalunha em Portugal, que foi encerrada no outono de 2017, no seguimento da realização, em outubro desse ano, do referendo sobre a autodeterminação da região, contestado e considerado ilegal por Madrid.

Nesta passagem por Lisboa, e segundo indicou à Lusa uma fonte do ministério regional da Ação Externa da Catalunha, Quim Torra manteve hoje de manhã um encontro privado com alguns intelectuais e políticos portugueses.

Ao fim da tarde, o representante vai inaugurar a exposição "A língua catalã, dez milhões de vozes europeias", na Biblioteca Camões, em Lisboa.

A mesma fonte indicou que na agenda do conseller (ministro) da Ação Externa, Relações Institucionais e Transparência da Catalunha, Alfred Bosch, também presente em Lisboa, constaram audiências com os grupos parlamentares do Bloco de Esquerda, PSD e PAN.

A comunidade autónoma da Catalunha tem um forte movimento separatista, tendo os partidos independentistas assumido a direção do governo regional desde 2015 em eleições sucessivas.

Os políticos catalães que organizaram o referendo sobre a autodeterminação da região foram julgados no ano passado e estão a cumprir penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão, por crimes de sedição e/ou má gestão de fundos públicos.

Um grupo de independentistas está fugido no estrangeiro não tendo ainda sido julgados, entre eles o ex-presidente do executivo catalão Carles Puigdemont, que está na Bélgica, e foi eleito deputado do Parlamento Europeu.

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