Governo reconhecido pela ONU suspende participação nas conversações
O governo líbio estabelecido em Tripoli e reconhecido pela ONU anunciou hoje de madrugada que suspende a participação nas conversações militares indiretas em curso em Genebra (Suíça), sob mediação das Nações Unidas, após sucessivas violações do cessar-fogo acordado.
© Reuters
Mundo Líbia
"Anunciamos a suspensão da nossa participação nas conversações militares que decorrem em Genebra até que posições firmes sejam adotadas contra o agressor [marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste líbio] e as suas violações" da trégua, afirmou o Governo de Acordo Nacional líbio, formado em 2015 e liderado por Fayez al-Sarraj, num comunicado.
A missão de apoio da ONU na Líbia (MANUL) tinha divulgado na terça-feira que as fações rivais envolvidas no conflito no território líbio tinham retomado em Genebra os trabalhos de uma comissão conjunta militar, sob a mediação da organização internacional.
Após o anúncio do governo de Fayez al-Sarraj, a MANUL emitiu um comunicado, em que afirmou "esperar retomar" as conversações.
Constituída durante uma cimeira internacional realizada em 19 de janeiro em Berlim, a comissão militar conjunta é composta por cinco representantes militares de cada uma das fações líbias.
A missão da ONU aproveitou ainda para manifestar uma "condenação firme" ao ataque que visou, na terça-feira, o porto de Tripoli e um porto secundário da capital líbia (al-Chaab).
O ataque, que envolveu o lançamento de mais de 15 'rockets', foi atribuído ao Exército Nacional Líbio do marechal Khalifa Haftar, apesar da entrada em vigor em janeiro passado de um cessar-fogo.
Este bombardeamento "fez várias vítimas e poderia ter desencadeado uma verdadeira catástrofe caso um navio de transporte de gás liquefeito tivesse sido atingido", acrescentou a missão da ONU, apelando "ao fim da escalada".
Segundo Amin al-Hachemi, porta-voz do Ministério da Saúde do governo líbio reconhecido pela ONU, três civis morreram e outros cinco ficaram feridos.
"É claro que o objetivo dos bombardeamentos sistemáticos de áreas residenciais, do aeroporto e do porto, a par do bloqueio total das instalações petrolíferas, é provocar crises para os cidadãos em todos os aspetos das suas vidas", salientou o governo com sede em Tripoli, no mesmo comunicado.
Na mesma nota, o executivo de Fayez al-Sarraj condenou ainda "as violações cometidas antes e durante a trégua", descrevendo-as como "crimes de guerra documentados" que exigem "mandados de prisão internacionais".
"Sem um cessar-fogo durável (...), as negociações não fazem sentido. Não pode existir paz sob bombardeamentos", concluiu o governo.
A Líbia, que possui as reservas de petróleo mais importantes no continente africano, é um país imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011.
A situação tornou-se ainda mais crítica desde o início da ofensiva militar das forças do marechal Khalifa Haftar, que avançou em abril de 2019 contra Tripoli.
Desde o início da ofensiva das tropas de Haftar sobre Tripoli foram mortos mais de 280 civis e cerca de 2.000 combatentes, segundo a ONU. Perto de 150.000 líbios foram deslocados.
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