Centenas de iraquianos manifestam apoio a ativista crítico do regime
Centenas de iraquianos manifestaram-se hoje com imagens de um ativista que gostariam de ver como primeiro-ministro, no lugar de Mohamed Allawi, o líder nomeado pela classe política que apresentará novo governo esta semana.
© Reuters
Mundo Iraque
Na cidade sagrada xiita de Kerbala, a sul de Bagdade, algumas centenas de estudantes empunharam fotos de Alaa al-Rikaby, um farmacêutico que se tornou uma figura de protesto na região de Nassiriya, protagonizando movimentos de revolta no sul do Iraque.
O homem, de cabeça careca e rosto redondo, com um largo bigode, fez recentemente um referendo junto dos seus apoiantes para decidir se deveria ser candidato ao cargo de primeiro-ministro.
No Twitter, al-Rikaby tem dezenas de milhares de seguidores e publica regularmente vídeos com elevados níveis de visualização nas redes sociais.
Na quinta-feira, o ativista anunciou que, se tiver um bom resultado no referendo improvisado, aceitará o repto e lançará a sua candidatura política.
A decisão do ativista acontece no momento em que o primeiro-ministro indigitado, Mohammed Allawi, anunciou que levará o seu governo a um voto de confiança no parlamento, na próxima semana, prometendo ministros independentes, condição apresentada pelo poderoso líder xiita Moqtada Sadr, que detém o controlo do regime político iraquiano.
Desde o início de outubro que o Iraque está mergulhado na mais grave crise política da sua história recente, com sucessivas vagas de manifestações a exigir a revisão do sistema político e a renovação completa da classe dominante.
O movimento de revolta já provocou cerca de 500 mortos e mais de 30 mil feridos, levando à formação de vários movimentos que procuram afirmar-se como alternativa ao regime político vigente.
O fenómeno da emergência do ativista farmacêutico de Kerbala ilustra o estado de contestação que tem tomado conta das ruas de várias cidades iraquianas nos últimos meses.
"Temos muitas exigências e uma delas é a nomeação de um primeiro-ministro independente e de um governo não associado a partidos, como Alaa al-Rikaby", disse hoje Hassan al-Qezouini, um estudante apoiante do farmacêutico, durante a manifestação em Kerbala.
Antes de Rikaby, também Fayeq al-Sheikh Ali, um outro ativista crítico do regime se apresentou como candidato a formar um futuro governo.
Apesar destas candidaturas espontâneas e das manifestações de protesto que ainda esta semana se repetiram, o processo político para a formação de um novo governo prossegue, com a proteção do líder xiita Moqtada Sadr, que já anunciou o seu apoio ao futuro governo de Allawi.
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