Aliados europeus da NATO pedem aos EUA para permanecer no Médio Oriente
Os aliados dos Estados Unidos concordaram hoje em fortalecer o papel da NATO no Iraque, mas pediram a Washington para permanecer militarmente envolvido no Médio Oriente, na luta contra o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).
© Reuters
Mundo Médio Oriente
Os aliados europeus estão preocupados com a possibilidade de o Presidente Donald Trump cumprir a sua promessa de reduzir a presença militar dos EUA no Médio Oriente, depois de decisões nesse sentido anunciadas em 2019, pedindo à NATO para ocupar o seu lugar nos teatros de operações.
"A transferência de responsabilidades para a NATO sempre foi precursora de um afastamento dos Estados Unidos", lembrou um diplomata europeu, no final de uma reunião de ministros da Defesa da NATO, que decorreu quarta-feira e hoje em Bruxelas, citando os precedentes da KFOR no Kosovo e da missão de apoio no Afeganistão.
"Isto só resulta se a missão da NATO incluir uma forte componente norte-americana", disse o mesmo diplomata, chamando a atenção para o facto de os militares dos EUA representarem metade do contingente de 16.000 pessoas da missão de suporte na região.
A ministra da Defesa francesa, Florence Parly, já tinha alertado para a tentação de afastamento por parte dos norte-americanos, durante a sua viagem a Washington, no final de janeiro.
"A NATO-ME (NATO no Médio Oriente) desenhada pelo Presidente Trump não deve se tornar 'NATO without ME' (NATO sem mim)", alertou Parly, que reafirmou esta preocupação na reunião de hoje da NATO.
A sua homóloga alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, foi ainda mais direta, dizendo que a Alemanha nunca conseguirá substituir a presença das tropas norte-americanas.
O pedido norte-americano de transferir para a NATO algumas atividades de treino para tropas iraquianas no âmbito da coligação internacional contra o Estado Islâmico faz parte dessa lógica, explicou a mesma fonte.
O Presidente Donald Trump anunciou publicamente a sua intenção de rever a presença americana no mundo e retirar-se de muitos teatros de operações, particularmente na África, América Latina e Médio Oriente, para concentrar o esforço na Ásia, perante a ameaça da China.
Contudo, o conflito com o Irão, que se assentou nos últimos meses, mudou a situação.
No final de 2019, o Pentágono deslocou reforços para a região e aumentou a presença aérea no Golfo, para enfrentar as ameaças iranianas.
Mas, após o assassínio do general iraniano Qassem Soleimani por um ataque aéreo dos EUA, no início de janeiro, no aeroporto de Bagdad, o ressentimento antiamericano no Iraque obrigou Washington a suspender as operações da coligação internacional e a reduzir a sua presença na região.
A solução encontrada foi um aumento do poder da pequena missão da NATO presente no Iraque desde 2018.
A reunião de ministros da Defesa dos países da NATO, em Bruxelas, permitiu confirmar a transferência de algumas atividades da coligação internacional para a missão da NATO e o reforço de várias unidades para o fortalecer.
De acordo com o novo plano, a NATO fica com a responsabilidade de treinar as tropas iraquianas que procuram evitar o ressurgimento do EI, explicou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
Para os norte-americanos, esta resposta favorável dos aliados entra na lógica de "partilhar a carga e os riscos e satisfazer os pedidos do Presidente Donald Trump", disse a embaixadora dos EUA na NATO, Kay Hutchinson.
Bagdad concordou com esta solução esta madrugada e o fortalecimento da missão da NATO deve ser rápido.
Os países participantes, as suas unidades e os pormenores das suas missões serão discutidos sexta-feira em Munique, durante uma reunião da coligação internacional, num encontro à margem da Conferência de Segurança, disse Jens Stoltenberg.
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