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Promoção de Rishi Sunak resulta de tensões entre Finanças e Boris Johnson

A promoção de Rishi Sunak a ministro das Finanças do Reino Unido resulta de um braço de ferro entre o antecessor, Sajid Javid, e o gabinete do primeiro-ministro britânico, além da ascensão nas fileiras do partido Conservador nos últimos meses.

Promoção de Rishi Sunak resulta de tensões entre Finanças e Boris Johnson
Notícias ao Minuto

15:55 - 13/02/20 por Lusa

Mundo Reino Unido

Na especulação sobre a remodelação governamental que começou hoje, e que a certa altura a imprensa britânica descreveu como um potencial "massacre" devido à profunda mudança de equipa programada, Sajid Javid foi considerado seguro devido ao compromisso de mantê-lo que o primeiro-ministro, Boris Johnson, havia assumido em novembro.

"Dou uma garantia absolutamente categórica de que manterei Sajid Javid como meu ministro das Finanças. Eu acho que ele é uma ótima pessoa e que está a fazer um trabalho fantástico", afirmou na altura aos jornalistas durante um discurso para membros da Confederação da Indústria Britânica.

Isto depois de analistas terem então sugerido que o lugar de Javid estaria em risco devido à resistência em aliviar a disciplina orçamental para aumentar a despesa pública necessária para cumprir as muitas promessas eleitorais.

Apesar de estar disposto a acabar com a política de austeridade, Javid impôs um equilíbrio orçamental, limitando o investimento público a 3% do Produto Interno Bruno (PIB) e propondo-se a rever o limite de endividamento se os juros da dívida pública começassem a aumentar.

Mas esta terá sido uma das poucas batalhas ganhas entre o número 11 de Downing Street, residência oficial do ministro das Finanças, e o vizinho do número 10, onde reside o primeiro-ministro.

Javid já tinha sido desautorizado em setembro, quando uma assessora foi despedida de forma sumária e sem aviso pelo conselheiro chefe de Boris Johnson, Dominic Cummings, envolvendo inclusivamente escolta da polícia ao portão.

Este episódio, e também a impressão de que a sua margem de manobra era estreita, levou à criação da alcunha "Chino" [Chancellor in Name Only, Ministro das Finanças só de nome].

"A relação de Johnson e Javid raramente é descrita como uma luta entre pesos pesados ou como uma grande convergência de ideias. Há uma sensação de que Javid está em funções porque será submisso. Mesmo esse atributo reconhecido não foi suficiente para conquistar admiradores junto de todos no número 10", escreveu a editora adjunta de política da revista Spectator, Katy Balls, no jornal Guardian há duas semanas.

As tensões entre as duas equipas também foram referidas hoje por Mujtaba Rahman, analista da consultora Eurasia, que considera esta saída inesperada uma "vitória para Dominic Cummings, o assessor mais influente de Johnson, que quer controlar a nomeação de assessores de todos os ministros".

Javid terá, segundo a BBC, recusado a condição imposta para despedir a sua equipa de assessores para se manter em funções, ao contrário de Rishi Sunak, que terá aceite uma equipa única de assessores especiais partilhados entre o primeiro-ministro e o ministério das Finanças.

Com apenas cinco anos de experiência como deputado e seis meses no governo, é considerado um dos fiéis de Boris Johnson, quem substituiu em vários debates durante as eleições legislativas, merecendo elogios pelo desempenho.

De origem indiana e com carreira como analista financeiro e gestor de fundos de investimento, Sunak é também um eurocético convicto, pois fez campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo de 2016, ao contrário de Javid.

Na semana passada, o The Guardian noticiava que, em vez assumir um novo ministério da Economia reforçado, Sunak iria manter-se como secretário de Estado das Finanças para "ficar de olho" em Javid.

Em termos de negociações com a UE, não se espera que esta mudança de titulares tenha impacto, pois o processo vai ser conduzido por Johnson, com quem Sunak concorda na estratégia de divergir das regras europeias para tirar mais vantagens do 'Brexit'.

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