Chefe militar pede que tailandeses não culpem exército por ataque
Um alto oficial militar tailandês pediu hoje aos seus compatriotas que "não acusem o exército" pelo ataque realizado por um soldado em que morreram 29 pessoas, num caso sem precedentes no país.
© Lusa
Mundo Tailândia
O comandante em chefe do exército tailandês, general Apirat Kongsompong, chorou ao pedir desculpas às vítimas durante uma conferência de imprensa, mas recusou-se a deixar o seu cargo.
"O exército é uma organização grande, composta por centenas de milhares de pessoas (...), não posso vigiar todas", referiu.
"Alguns criticam o exército, [mas] exorto-os a não acusarem o exército (...), porque é uma organização sagrada", declarou.
Em vez disso, "acusem-me, general Apirat", declarou o comandante em chefe do exército tailandês.
O atacante, um oficial subalterno, foi morto a tiro pelas autoridades depois do ataque que realizou no fim-de-semana.
Acredita-se que o atirador tenha agido após uma discussão com um superior sobre uma dívida ligada à venda de uma propriedade, segundo as autoridades. Os militares dizem que este é um caso isolado de um soldado rebelde, não o produto de um sistema corrupto.
O general prometeu facilitar as investigações sobre queixas de jovens oficiais contra os seus superiores no futuro.
No presente caso, o atirador "foi enganado por seu superior e os seus familiares que lhe prometeram indemnização" pela venda de uma casa, disse o general.
O soldado matou o seu superior e a sogra do último antes de continuar o seu massacre durante 17 horas.
O exército é omnipresente no país e o seu orçamento aumentou desde o último golpe de 2014.
Os líderes militares costumam fazer parte dos conselhos de empresas estatais da Tailândia, alguns têm grandes fortunas e são frequentemente designados para cargos ministeriais.
Os quartéis são acusados de abrigar atividades comerciais fora da lei, como agências imobiliárias e empresas de segurança privada, e os soldados às vezes são chamados a trabalhar para oficiais seniores.
O general, que se deve reformar em setembro, prometeu fazer uma limpeza para remover os generais e coronéis corruptos do exército.
Após o massacre, os tailandeses inundaram as redes sociais com críticas aos seus líderes, acusando-os de mostrar pouca empatia após de assassínios sem precedentes.
Até agora, nenhum membro da família real tailandesa, protegida de perto pelo exército, visitou os sobreviventes.
No domingo, o militar disparou indiscriminadamente no interior de um centro comercial em Nakhon Ratchasima, onde se barricou com vários reféns durante mais de 15 horas, resultando em 29 mortos e dezenas de feridos.
O autor dos disparos, Jakrapanth Thomma, foi morto pelas forças de segurança na superfície comercial, que tinha apenas uma zona de acesso.
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