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Justiça argelina pede 20 anos de prisão para Saïd Bouteflika

Um procurador argelino pediu hoje 20 anos de prisão contra Saïd Bouteflika, irmão e ex-conselheiro do presidente deposto, dois antigos chefes dos serviços de informações e uma responsável política, referiam hoje os advogados.

Justiça argelina pede 20 anos de prisão para Saïd Bouteflika
Notícias ao Minuto

15:18 - 10/02/20 por Lusa

Mundo Argélia

Os quatro acusados, que permanecem detidos desde maio de 2019, foram condenados a 15 anos de prisão em setembro por um tribunal militar da Argélia, acusados de "conspiração" contra a autoridade militar e a autoridade do Estado.

O julgamento em segunda instância começou no domingo no tribunal de militar de recurso de Blida, cerca de 50 quilómetros a sul de Argel, e foi hoje retomado numa sessão à porta fechada, disse à agência noticiosa AFP Farouk Kessentini, advogada do general Mohamed Lamine Mediene "Toufik".

Durante 25 anos, e até ao seu afastamento em 2015, "Toufik" dirigiu o tentacular Departamento de Informação e da Segurança (DRS), estruturalmente associado às Forças Armadas, mas considerado "um Estado dentro do Estado".

Na manhã de hoje, a defesa de Louisa Hanoune, 65 anos, ex-deputada e líder do Partido dos Trabalhadores (PT, que se reivindica do trotskismo), e composta por nove advogados, também iniciou a sua argumentação e pediu a absolvição, indicou à AFP uma das suas advogadas, Boudjemaâ Guechir.

No banco dos acusados também compareceu Saïd Bouteflika, 62 anos, o influente conselheiro especial do seu irmão e ex-presidente Abdelaziz Bouteflika durante os seus 20 anos na chefia do Estado (1999-2019).

O seu poder reforçou-se a par da deterioração da saúde de seu irmão, vítima em 2013 de um AVC que o paralisou parcialmente e o tornou afásico.

O quarto acusado, o general Athmane "Bachir" Tartag, ex-braço direito de "Toufik" e que lhe sucedeu ao assumir a chefia da Coordenação dos Serviços de segurança (CSS), uma estrutura que substituiu a extinta DRS, recusou comparecer na sessão de hoje, como já tinha sucedido no domingo.

Os quatro detidos são suspeitos de se terem reunido em março de 2019 para elaborar um "plano de desestabilização" do alto comando militar que na ocasião pediu publicamente o afastamento do presidente Bouteflika, com o objetivo de ultrapassar a crise política e social desencadeada pelo "Hirak", o poderoso movimento popular de contestação do regime que surgiu em 22 de fevereiro de 2019 e permanece muito ativo.

Segundo a acusação, Saïd Bouteflika pretendia garantir o apoio dos dois ex-dirigentes dos serviços de informações para afastar o chefe de estado-maior das Forças Armadas, general Ahmed Gaïd Salah, até essa ocasião um indefetível apoiante do chefe de Estado e que o designou para esse posto em 2004.

No julgamento de 2019, a defesa de Louisa Hanoune admitiu a sua participação numa reunião com Saïd Bouteflika e o general "Toufik" em 27 de março, um dia após a declaração do general Gaïd Salah que pediu publicamente o afastamento de Abdelaziz Bouteflika.

Abdelaziz Bouteflika demitiu-se finalmente em 02 de abril de 2010, algumas horas após um ultimato do estado-maior das Forças Armadas, que exigiu o seu "imediato" afastamento.

Gaïd Salah tornou-se desde então o "homem forte" do país até às contestadas eleições presidenciais de 12 de dezembro, e morreu no dia 23 de dezembro na sequência de um ataque cardíaco.

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