Argentina anuncia lei para despenalizar aborto
O Presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou hoje um projeto de lei para despenalizar o aborto.
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Mundo Argentina
Alberto Fernandéz adiantou que vai mandar para o parlamento "uma lei que termine com a penalização do aborto e que permita o atendimento a qualquer [interrupção do] aborto nos centros de saúde pública".
O Presidente da Argentina respondia a perguntas de estudantes do Instituto de Estudos Políticos de Paris, onde deu uma conferência após reunir-se com o Presidente francês, Emmanuel Macron.
"Não vivo em paz com a minha consciência sabendo que uma mulher talvez precise abortar, mas não tenha as condições económicas para pagar e termine nas mãos de um curandeiro que, com uma agulha, termine magoando-a e, às vezes, matando-a", argumentou Fernández.
Alberto Fernández garantiu que não abordou o assunto durante a reunião, no dia 31 de janeiro, com o Papa, nem com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
O chefe de Estado da Argentina esteve com o Papa, tendo depois reunido com os governos de Itália, Alemanha, Espanha e França, onde hoje se encontra.
Porém, o Vaticano garantiu que, na reunião com Parolin, falaram sobre "a proteção da vida desde a sua conceção".
O anúncio de Fernandéz aconteceu no mesmo dia em que o Papa Francisco defendeu que as dívidas não devem ser pagas com sacrifícios insuportáveis.
"Não é possível pretender que as dívidas sejam pagas com sacrifícios insuportáveis", afirmou Francisco, durante um seminário organizado pelo Vaticano sobre "Novas Formas de Solidariedade", sem nunca se referir à dívida da Argentina ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a outros credores.
O papa citou João Paulo II, referindo ser "necessário encontrar modalidades de redução, de dilação e de extinção da dívida compatíveis com o direito fundamental dos povos à subsistência e ao progresso".
"Não é lícito exigir o pagamento da dívida quando isso impuser políticas que levem populações inteiras à fome e ao desespero", afirmou Francisco no seminário no qual, entre a assistência, estava a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán e o prémio Nobel de Economia Joseph Stiglitz.
Para o sociólogo argentino e analista político Eduardo Fidanza, é preciso separar a doutrina da Igreja Católica das ações dos seus responsáveis, referindo que para o ex-arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, hoje Papa Francisco, é muito mais importante o combate à pobreza do que a questão do aborto.
"A posição da Igreja sobre o aborto é doutrinária e não vai mudar. Diferente é o que os sacerdotes fazem perante os casos concretos. E a Igreja Católica convive em muitos países onde o aborto está legalizado", sustentou Eduardo Fidanza.
"É uma tradição da Igreja Católica latino-americana a escolha preferencial pelos pobres. E Bergoglio vem dessa tradição. Ele é um férreo crítico do capitalismo. Isso está sobre os demais assuntos", explicou o analista, numa alusão à questão da dívida pública que gera pobreza.
Para Eduardo Fidanza, "o Papa vai julgar o Governo de Alberto Fernández pelo resultado do combate à pobreza, não pela legalização do aborto".
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