Exército do Sudão defende reunião entre líder do país e PM israelita
O exército sudanês defendeu hoje a reunião de segunda-feira entre o líder do Conselho Militar de Transição e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, considerando tratar-se de uma iniciativa para pôr fim ao estatuto de "Estado pária".
© Reuters
Mundo Sudão
Numa conferência de imprensa, o porta-voz das Forças Armadas do Sudão, o brigadeiro Amer Mohammed al-Hassan, defendeu que o encontro entre Abdel Fattah al-Burhan e Netanyahu, no Uganda, foi um esforço para pôr fim ao estatuto de país patrocinador do terrorismo.
Segundo o militar, o objetivo das conversas passa pela remoção do Sudão da lista de países que apoiam o terrorismo, dos Estados Unidos da América, do qual o território faz parte desde a década de 1990, quando acolheu Osama bin Laden e outros terroristas.
O Sudão é suspeito de também ter servido de ponte para o Irão fornecer armas para milícias palestinianas na Faixa de Gaza, tendo sido alvo de ataques aéreos contra uma escolta, em 2009, e contra uma fábrica de armas, em 2012, atribuídos a Israel.
Al-Hassan citou Burhan e apontou que o seu país enfrenta uma pressão económica, precisando de "decisões corajosas para mudar as suas políticas nacionais e internacionais".
Burhan terá dito também que houve "conversas preliminares" sobre o encontro há cerca de três meses e que o líder civil, o primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, foi informado da reunião dois dias antes.
Na plataforma social Twitter, Hamdok pediu aos líderes do país para respeitarem os canais oficiais para a política interna, defendendo que o seu executivo deve ser responsável pelas interações com Estados estrangeiros.
A reunião ocorreu dois dias depois de a Liga Árabe ter rejeitado o plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para o Médio Oriente.
A nova administração do Sudão considera que a saída da lista de países que apoiam o terrorismo é fundamental para a reconstrução da sua economia.
Contudo, Cartum faz parte da Liga Árabe e, portanto, rejeitou o plano de Trump para o Médio Oriente.
O mapa desenhado pelos EUA prevê a anexação, por parte de Israel, do vale do Jordão, que constitui cerca de 30% do território da Cisjordânia, além de estabelecer Jerusalém como capital israelita, ao arrepio das resoluções da Organização das Nações Unidas.
De acordo com este plano, a futura capital israelita situar-se-ia nos subúrbios de Jerusalém "a leste e a norte" do muro israelita.
Em território ugandês, Netanyahu escreveu "História!" no Twitter, tendo o seu gabinete referido que o líder israelita "acredita que o Sudão está a dirigir-se para uma nova e positiva direção".
"Acordámos começar a cooperação que irá resultar na normalização das relações entre os dois países", referiu Netanyahu.
Na terça-feira, Burhan acrescentou que o Sudão continua a apoiar a Palestina enquanto Estado independente.
Citado pela Associated Press, o diplomata palestino Saeb Erekat considerou que a reunião organizada pelo Uganda foi "uma facada nas costas da nação palestina e um desvio do consenso árabe".
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, agradeceu a Burhan "a sua liderança na normalização das relações com Israel", tendo convidado o sudanês a visitar os EUA este ano.
O ministro da Informação do Sudão, Faisal Mohamed Saleh, porta-voz do Governo, referiu que o executivo teve conhecimento da reunião através da comunicação social e que não foi consultado previamente.
O Sudão acolheu a cimeira da Liga Árabe após a guerra de 1967, que ficou famosa por estabelecer os "três nãos": não à paz com Israel, não ao reconhecimento de Israel e não às negociações com Israel.
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