"Decidi ser candidato à câmara de Havre como cabeça de lista (...) Numa democracia, o fundamento da legitimidade é a eleição", declarou Édouard Philippe, numa entrevista hoje publicada pelo jornal Paris-Normandie e citada pelas agências internacionais.
A autarquia de Havre não é um local desconhecido para Édouard Philippe que foi presidente da câmara desta cidade portuária de 170 mil habitantes entre 2010 e 2017.
"Estou satisfeito por poder voltar a enfrentar o sufrágio universal e acho que é muito são", prosseguiu o primeiro-ministro francês e agora candidato, realçando ainda: "É a cidade que amo. É onde estão as minhas raízes".
Na mesma entrevista, Édouard Philippe esclareceu, no entanto, que caso seja eleito, irá permanecer no cargo de primeiro-ministro.
"Porque não nos podemos escusar de servir o nosso país", disse Édouard Philippe, explicando que só ambicionará voltar à autarquia de Havre no dia em que deixar o seu cargo atual.
Enquanto isso, o político deseja que o atual presidente da cidade de Havre, Jean-Baptiste Gastinne (que foi adjunto de Édouard Philippe naquela autarquia), permaneça no lugar.
As eleições municipais em França vão decorrer em duas voltas, nos dias 15 e 22 de março.
Os eleitores franceses vão designar os seus conselheiros municipais que, por sua vez, elegem o presidente de câmara.
Durante o último escrutínio municipal em 2014, a lista de Édouard Philippe, que concorreu sob a bandeira do então partido de centro-direita UMP (força política do ex-Presidente Nicolas Sarkozy que seria posteriormente rebatizado como Os Republicanos), venceu na primeira volta com 52% dos votos.
Édouard Philippe, de 49 anos, foi designado primeiro-ministro do Presidente francês, Emmanuel Macron, desde a eleição deste último em maio de 2017.
A imprensa internacional está a referir que esta decisão de Édouard Philippe revela as sérias dificuldades que o partido de Emmanuel Macron (a República em Marcha - LREM) está a enfrentar para encontrar candidatos com possibilidades de vitória nas próximas municipais nas principais cidades francesas.
Um potencial desaire eleitoral poderá significar um duro golpe na força do atual executivo francês.
O primeiro-ministro francês não é o único membro do executivo que deu este passo de concorrer nas municipais.
O titular da pasta das Contas Públicas, Gérald Darmanin, anunciou, este mês, que será candidato em Tourcoing, a localidade junto da fronteira belga que dirigia antes de integrar o executivo.
Emmanuel Macron, cujas reformas económicas enfrentam há vários meses uma forte contestação popular nas ruas francesas, conta reforçar outras candidaturas municipais com mais membros do governo.
É o caso das ministras das pastas da Saúde e da Igualdade de Género, Agnès Buzyn e Marlène Schiappa, respetivamente, para a lista de Paris.
A lei francesa não proíbe que um primeiro-ministro seja eleito para um conselho municipal.
No entanto, e segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP), o próprio Édouard Philippe estabeleceu uma regra para os membros do seu executivo, determinando que estes não poderão acumular as funções de ministro com as de autarca.