O referido tribunal da cidade de Lyon não deu explicações sobre a sua decisão.
O advogado do arcebispo, André Soulier, manifestou-se hoje "mais do que satisfeito" com a absolvição.
Philippe Barbarin tentou renunciar após ter sido condenado em primeira instância em março de 2019, com pena suspensa, por não ter denunciado um padre pedófilo à polícia. Contudo, o Papa Francisco recusou-se a aceitar a renúncia até que o recurso da decisão fosse apreciado por um tribunal superior ou a condenação transitasse em julgado.
Barbarin interpôs recurso da condenação alegando não conseguir "ver claramente do que era culpado".
O caso que levou à condenação do cardeal envolve o padre francês Bernard Preynat, que admitiu ter abusado de escuteiros entre as décadas de 1970 e 1990.
Vários responsáveis da Igreja foram acusados de encobrir Bernard Preynat por muitos anos, mas algumas das situações tinham o prazo de procedimento criminal prescrito e apenas Barbarin foi condenado.
O processo contra Barbarin resulta de uma discussão ocorrida em 2014 com Alexandre Hezez, que contou ao cardeal sobre a violência sexual que sofreu na década de 1980 por Preynat nos campos de escuteiros. Hezez acrescentou que o padre não deveria mais dirigir uma paróquia.
Na sentença condenatória em março, o tribunal de Lyon concluiu que Barbarin "para evitar escândalos causados pelos múltiplos abusos sexuais cometidos por um padre (...) preferia correr o risco de impedir a descoberta de muitas vítimas de abuso sexual pelo sistema judicial".
Barbarin alegou na audiência de recurso que seguiu as instruções do Vaticano após a discussão de 2014 com Hezez, sugerindo que não poderia ter feito mais.
Preynat foi transferido para outra paróquia, mas continuou a trabalhar com crianças até à sua reforma em 2015.
Acredita-se que Preynat tenha abusado de pelo menos 85 crianças. O padre será julgado em Lyon em janeiro sob a acusação de agressão sexual a menores.
Em julho, a Igreja Católica da França declarou-o culpado de abusar sexualmente de vários escuteiros ao longo de vários anos, refletindo a tendência crescente da Igreja em reconhecer os casos de abuso sexual de crianças por padres e outros dignitários religiosos.