Minas e agressões da polícia: As dificuldades dos migrantes nos Balcãs
A fronteira entre a Bósnia-Herzegovina e a Croácia é uma das últimas portas de entrada para o norte da Europa.
© Reuters
Mundo Migrantes
Longe de ter acabado, a crise dos migrantes e refugiados mantém-se na Europa. O impasse nos corredores de Bruxelas para resolvê-la não parece estar próximo de ser resolvido e desde 2015 vários países fecharam portas a quem foge da pobreza e da guerra e procura uma vida melhor no continente europeu. Turquia, Grécia e Hungria têm vindo a dificultar cada vez mais a entrada dos migrantes nos seus territórios.
Para muitos, a opção recaiu numa nova rota através da Bósnia-Herzegovina e pela fronteira com a Croácia, mas como dá conta o The New York Times esta rota não está isenta de riscos e de dificuldades para os migrantes.
A Bósnia praticamente não foi afetada pelo auge da crise migratória em 2015. Atualmente, as suas fronteiras não são muito controladas e a entrada ilegal dos migrantes é por isso mais fácil. Há apenas dois anos tinha sido registada a passagem de 750 migrantes pelo país dos Balcãs. Esse número subiu para 29 mil no ano passado.
“É a única rota que está atualmente aberta se quiserem ir da Grécia para outras partes da União Europeia”, sublinhou Peter Van Der Auweraert, chefe da missão Organização Internacional para a Migração das Nações Unidas.
O problema surge quando os migrantes tentam atravessar a fronteira com a Croácia no norte da Bósnia. Têm de passar por colinas cobertas de neve e terreno montanhoso, mas o pior é que esta zona foi palco de batalhas durante a guerra dos Balcãs e nos solos há muitas minas terrestres.
Para aqueles que conseguem passar em segurança a fronteira, a chegada à Croácia é muitas vezes a pior parte do percurso. O The New York Times avança que a resposta das autoridades croatas é brutal.
Há mais de um ano que a polícia croata persegue os migrantes e força-os a voltarem para a Bósnia, através da neve e do terreno onde pululam as minas, e sem lhes dar a possibilidade fazerem um pedido de asilo. Muitos migrantes são agredidos e roubados pela polícia e habitantes no lado da Bósnia ouvem tiros por vezes.
“Quando eles nos apanham, tiram-nos tudo. Tiram o casaco, os ténis, as meias. Só nos deixam com as t-shirts e as cuecas”, partilhou Sajid Khan, um migrante afegão.
O espelho da atuação da polícia croata e o anseio em deportarem migrantes sem documentos levou à expulsão no final do ano passado de pelo menos três nigerianos que entraram no país de forma legal. Dois estavam a competir num torneio de ténis de mesa em novembro e o outro tinha um visto válido até março. Nenhum deles tinha passado pela Bósnia.
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