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Luanda Leaks "tem a ver com Angola e não com o governo de Cabo Verde"

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que o caso das revelações de transações suspeitas e esquemas alegadamente fraudulentos de Isabel dos Santos não interpela o Governo, mesmo com os investimentos da empresária angolana no país.

Luanda Leaks "tem a ver com Angola e não com o governo de Cabo Verde"
Notícias ao Minuto

13:37 - 20/01/20 por Lusa

Mundo Ulisses Correia e Silva

"<span class="news_bold">Eu não faço comentários porque este é um trabalho dos investigadores, é algo que tem a ver com Angola e não com o Governo de Cabo Verde, nós vamos acompanhando de uma forma interessada aquilo que está a passar-se", começou por dizer o chefe do Governo cabo-verdiano, quando questionado pela agência Lusa à margem de uma cerimónia na cidade da Praia.

Mesmo com os investimentos que a empresária tem no país, através da empresa de telecomunicações Unitel T+, Ulisses Correia e Silva insistiu que o caso "não tem a ver com Cabo Verde diretamente", mas sim com os investimentos que Isabel dos Santos tem em várias partes do mundo.

"Não é algo que interpela o Governo de Cabo Verde. Não tenho de fazer o papel de analista nem de comentador relativamente a essa matéria", disse o primeiro-ministro.

O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, também foi questionado sobre o assunto, mas escusou-se a comentar, dizendo apenas que é uma matéria que interessa a Cabo Verde, visto que tem a ver com "um país muito próximo e irmão".

"O Presidente da República não pode estar a comentar notícias que têm a ver com fortunas, ou com os bens de uma cidadã angolana. Vamos acompanhando, vamos ouvindo as notícias, vamos formando opinião, mas naturalmente não podemos fazer comentários sobre esse assunto", afirmou o chefe de Estado cabo-verdiano.

Em entrevista à agência Lusa em outubro, na cidade da Praia, Isabel dos Santos disse ter investido cerca de 100 milhões de euros nos últimos anos na economia cabo-verdiana, primeiro nas telecomunicações e depois nas finanças.

Também afirmou que está a preparar um investimento na economia digital naquele país, um setor prioritário para o Governo cabo-verdiano.

Um consórcio de jornalismo de investigação revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de "Luanda Leaks", que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.

Durante a investigação, foram identificadas mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.

Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

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