ONU apela a reformas políticas no Iraque após ressurgimento de protestos
A ONU instou hoje o Iraque a avançar com reformas políticas urgentes, cerca de dois meses depois da demissão do primeiro-ministro Adel Abdul-Mahdi e numa altura em que os protestos, iniciados em outubro, regressaram às ruas iraquianas.
© Reuters
Mundo Iraque
O apelo é da missão de assistência da ONU naquele país (UNAMI, na sigla em inglês) e da enviada especial da organização para o Iraque e chefe da missão, Jeanine Hennis-Plasschaert.
"Chegou o momento de avançar" com as promessas de reformas para "evitar um maior agravamento dos protestos", que ressurgiram nas ruas iraquianas na passada sexta-feira e já provocaram pelo menos um morto e várias dezenas de feridos, afirmou Hennis-Plasschaert num comunicado.
"Todas as medidas tomadas para responder às preocupações dos cidadãos foram esvaziadas ou não foram concluídas", salientou a representante da ONU, lembrando que os líderes políticos iraquianos não conseguiram alcançar, até à data, um acordo sobre "o caminho a seguir" após a renúncia do Governo em finais de novembro.
No mesmo comunicado, a UNAMI pediu às autoridades iraquianas que evitem a "repressão violenta" dos protestos, porque "nada é mais prejudicial do que um clima de terror".
A missão também lançou um apelo aos manifestantes, pedindo que estes permaneçam pacíficos e evitem a violência e atos de vandalismo.
Depois de manifestações na sexta-feira, centenas de pessoas voltaram a sair no domingo à rua para participar em protestos em Bagdad e em outras localidades do sul e do centro do Iraque.
Pelo menos um manifestante morreu na capital iraquiana, onde foram cortadas estradas e foram registados incidentes, segundo uma fonte do Ministério do Interior iraquiano, citada pela agência espanhola EFE.
Novos protestos e incidentes foram já hoje registados em Bagdad e em algumas províncias do sul do país, como Bassorá, Kerbala e Nayaf.
A primeira vaga da contestação popular no Iraque surgiu no início de outubro passado, quando dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas, indignados com o que consideram ser a corrupção generalizada, a falta de oportunidades de emprego e os fracos serviços básicos, apesar da riqueza em petróleo do país.
Segundo a Comissão dos Direitos Humanos do Iraque, pelo menos 500 pessoas morreram e mais de 25 mil ficaram feridas em todo o país desde o início da contestação popular em outubro.
A UNAMI é uma missão política que foi estabelecida em 14 de agosto de 2003 por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, a pedido do então Governo iraquiano.
A missão está no terreno desde então e o seu papel foi amplamente alargado em 2007 com a adoção de outra resolução.
Em maio de 2019, outra resolução do Conselho de Segurança da ONU decidiu prolongar o mandato da UNAMI até 31 de maio de 2020.
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