Mais de 82.000 migrantes tentaram entrar na Europa sem autorização em 2019, um aumento de 46% em relação ao ano anterior, avançou Fabrice Leggeri, o diretor executivo da agência que gere as fronteiras da União Europeia.
O aumento de refugiados deveu-se "principalmente à situação na Síria, mas também à instabilidade no Afeganistão e à mudança de políticas para com os cidadãos afegãos pelas autoridades iranianas e paquistanesas", explicou o responsável da Frontex, em conferência de imprensa hoje realizada em Bruxelas.
Fabrice Leggeri escusou-se a atribuir qualquer responsabilidade pela evolução dos números de migrantes à guarda costeira turca, garantindo que "está a trabalhar bem".
A União Europeia decidiu, em 2016, doar à Turquia seis mil milhões de euros em dinheiro e outros incentivos para convencer o Governo de Ancara a impedir que os migrantes deixassem a Turquia em direção à Grécia.
As ilhas orientais da Grécia foram consideradas em situação de superlotação e têm adotado, desde o verão passado, formas de diminuir o número de pessoas nos campos de refugiados.
Segundo a Frontex, o número de migrantes que chegaram à Europa no ano passado foi o mais alto desde que o acordo UE-Turquia entrou em vigor.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que o seu país não pode arcar com o ónus de hospedar 3,6 milhões de refugiados sírios e ameaçou "abrir as portas" para os migrantes seguirem para a Europa.
Segundo defendeu, a UE terá de fornecer mais apoios e dinheiro para que o acordo se mantenha, pedido a que Europa já admitiu que deverá aceder.
Ancara também procurou ajuda política e financeira da UE para a criação de uma área segura no norte da Síria, onde as pessoas que fogem do conflito possam refugiar-se ou para onde a Turquia as possa enviar, mas os europeus têm mostrado relutância em envolver-se nesse acordo.