Rússia defende reunião urgente com países signatários de pacto com Irão
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia defendeu hoje uma reunião urgente com os países europeus signatários do acordo nuclear com o Irão para uma conversa "honesta" sobre o futuro do pacto.
© Reuters
Mundo Rússia
"Não consideramos apropriado o que está a ser feito com o acordo", afirmou Sergei Lavrov numa conferência de imprensa de balanço anual.
Lavrov classificou de "mudança de rumo perigosa" o facto de França, Alemanha e Reino Unido terem acionado na terça-feira um mecanismo de resolução de conflitos para forçar Teerão a cumprir os compromissos assumidos no acordo nuclear assinado em 2015, num processo que será supervisionado pela União Europeia (UE).
O chefe da diplomacia russa voltou a criticar a Europa por exigir ao Irão o cumprimento do acordo apesar de não ter conseguido que funcionasse o mecanismo para facilitar o comércio com a República Islâmica, o Instex, que permitiria a Teerão contornar as sanções norte-americanas, e por sucumbir às pressões de Washington.
A ministra da Defesa alemã confirmou na quinta-feira que os Estados Unidos ameaçaram impor novas tarifas às importações de automóveis da Europa para pressionar os países europeus a denunciarem o Irão por incumprimento dos compromissos assumidos no acordo nuclear.
A ameaça foi feita uma semana antes de os três países europeus terem ativado o referido mecanismo de resolução de conflitos do acordo internacional.
O acordo foi posto em causa depois de os Estados Unidos decidirem retirar-se dele unilateralmente, em maio de 2018, e restabelecerem sanções económicas ao Irão.
Não tendo conseguido os restantes signatários (Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) contrariar as sanções norte-americanas, Teerão decidiu, a partir de maio último, deixar de respeitar alguns dos compromissos do acordo, que limitava grandemente a sua atividade nuclear.
Lavrov evocou ainda a recente sugestão do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de substituição do atual acordo por um novo pacto negociado com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para insistir na necessidade de uma reunião urgente, "uma conversa honesta sobre o que pensa cada parte" sobre o futuro do acordo com o Irão.
A Rússia tudo fará para que o mundo não fique sem acordos que limitem "a proliferação de armas, especialmente as nucleares", disse.
A crise sobre o pacto nuclear levou a um aumento da tensão entre o Irão e os Estados Unidos que se agravou com a eliminação, a 3 de janeiro, do principal general iraniano, Qassem Soleimani, num ataque norte-americano em Bagdad, ao qual Teerão respondeu com um ataque a bases no Iraque com soldados norte-americanos.
Posteriormente Teerão abateu no seu território, "por erro humano", um avião comercial ucraniano, matando todas as 176 pessoas a bordo.
Lavrov considerou que a "tragédia" do Boeing 737 mostra ser tempo para o Irão e os Estados Unidos iniciarem uma "redução da escalada".
"O agravamento das tensões entre o Irão e os Estados Unidos não ajudará a resolver qualquer crise na região", adiantou.
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