Jornalistas e artistas renunciam às posições em instituições do Irão
Vários jornalistas e artistas renunciaram às posições que ocupavam em instituições estatais em sinal de protesto contra o derrube, por engano, do avião ucraniano que provocou a morte de 176 pessoas e uma onda de descontentamento popular no Irão.
© Reuters
Mundo Irão
Segundo a agência de notícias EFE, o fluxo de demissões começou no último sábado, dia em que as Forças Armadas iranianas reconheceram que dispararam um míssil sobre o Boeing 737 da companhia aérea Ukranian Internacional Airlines (UIA), causando a morte de todos os seus ocupantes.
Entre os jornalistas, pelo menos três apresentadoras da televisão estatal iraniana IRIB apresentaram a demissão nos últimos dias: Gelare Jabbari, Zahra Khatami e Saba Rad.
Gelare Jabbari, de 31 anos e com mais de uma década como colaboradora, repórter e apresentadora dos canais 1 e 2 com programas sociais como "Bom dia Irão", explicou hoje à agência de notícias EFE que perceberam que "trabalhar na televisão (estatal) vai contra os interesses do povo".
"É como se não estivéssemos ao lado da população e estivéssemos a mentir, já que no assunto do ataque ao avião mentiu-se", disse a jornalista, acrescentando que já antes estavam conscientes de que as informações iam "contra" às suas opiniões pessoais, mas a catástrofe aérea foi a gota final.
A apresentadora postou uma mensagem no Instagram pedindo perdão por mentir durante 13 anos, e dizendo que a televisão estatal "não era honesta", numa mensagem que acabou por remover pouco tempo depois para evitar problemas com as autoridades..
Por outro lado, a apresentadora Zahra Khatami enfatizou ao anunciar a sua demissão que "nunca" voltará à televisão e Saba Rad disse que não poderia continuar nessa situação de trabalho, depois de 21 anos como jornalista.
Além dos jornalistas, um grupo de cineastas cancelou a sua participação no importante festival Fajr, também como sinal de dissidência.
Este festival oficial, com vários setores artísticos, começa no próximo mês, e comemora todos os anos o aniversário do triunfo da Revolução Islâmica de 1979.
O descontentamento da população resultou em vários dias de protestos, principalmente nas universidades.
Nas redes sociais, muitos iranianos também publicaram mensagens de luto e protesto ou as imagens dos mortos no desastre aéreo, muitos deles iranianos.
Além disso, circulam imagens com o número 174 mais dois anéis de casamento, aludindo a um casal recém-casado que morreu no acidente, ou 175 mais um sapato de criança, em referência a um dos menores falecidos.
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