Irão: Rohani reconhece crise de confiança e pede mudanças no governo

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, apelou hoje a uma grande mudança no Governo do país, reconhecendo implicitamente que há crise de confiança nas autoridades, sendo as eleições legislativas marcadas para fevereiro um primeiro passo nesta direção.

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© Getty Images

Lusa
15/01/2020 10:06 ‧ 15/01/2020 por Lusa

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Um dos motivos para a crise de confiança seria o derrube do Boeing 737 da companhia aérea Ukrainian International Airlines (UIA), que foi abatido pelas forças iranianas há uma semana em Teerão e matou 176 pessoas, a maioria iranianas e canadianas.

Rohani pediu "unidade nacional" e "reconciliação nacional" depois de as autoridades terem reconhecido tardiamente a responsabilidade pela tragédia, o que desencadeou explosões de raiva e indignação populares desde sábado.

Referindo-se a uma série de eventos "trágicos" desde o início de janeiro - da morte do importante general iraniano Qassem Soleimani - num ataque dos Estados Unidos a 03 de janeiro - à catástrofe que classificou como "inaceitável" do voo da UIA -, Rohani disse que se impõe "uma grande decisão" dentro do sistema político iraniano.

"E essa decisão importante (...) é a reconciliação nacional" declarou.

As eleições legislativas, marcadas para 21 de fevereiro, "devem ser o primeiro passo", disse o Presidente, num discurso perante o conselho de ministros e transmitido, excecionalmente, em direto pela televisão estatal.

Para estas eleições, "o povo quer diversidade", defendeu o chefe de Estado, em tom muito determinado, exortando as autoridades responsáveis pela validação dos candidatos a não desqualificarem o tempo todo.

"As pessoas são o nosso mestre (...) e nós somos seus servos. O servo deve dirigir-se ao mestre com modéstia, precisão e honestidade", acrescentou também Rohani.

"As pessoas querem garantir que as autoridades as tratem com sinceridade, integridade e confiança", afirmou.

"Exorto as forças armadas e ao Estado-Maior a explicarem às (...) pessoas o que aconteceu desde o acidente (do avião ucraniano) até ao momento em que [a verdade] foi anunciada (...) para que entendam que não queremos esconder nada", acrescentou.

"Se houve um atraso [na transmissão de informações], peçam desculpas", disse Rohani.

Após dois dias negando oficialmente a tese de que um míssil havia sido disparado contra o Boeing abatido a 08 de janeiro após descolar de Teerão, as forças armadas iranianas reconheceram a sua responsabilidade no sábado, invocando "erro humano".

O Governo disse que não foi avisado pelos militares até à passada sexta-feira.

Antes da morte do general Soleimani e do derrube do avião ucraniano, a população iraniana já estava nas ruas a protestar contra o Governo, nomeadamente contra o aumento dos preços dos combustíveis.

 

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