Moçambique:Repressão sobre ativistas continua mas melhora sobre mulheres
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) elogiou o progresso feito nos direitos das muheres em Moçambique, mas considerou que a violência sobre ativistas e jornalistas é ainda elevada, principalmente no norte do país.
© Lusa
Mundo HRW
"Tem havido um progresso significativo nos direitos das mulheres e raparigas moçambicanas", lê-se na edição deste ano do relatório da HRW sobre os direitos humanos, que aponta, no entanto, as dificuldades de controlo da zona norte do país, que levou as autoridades a tentarem impedir a presença de jornalistas e de ativistas que documentem os ataques de grupos armados.
"Os jornalistas e ativistas continuam a enfrentar intimidação e assédio, e tem havido uma falta de responsabilização pelos crimes do passado", escrevem os peritos da HRW no capítulo do relatório dedicado a Moçambique, no qual salientam ataques e detenções de vários jornalistas no norte do país, o cerco à sede da organização Centro de Integridade Pública no seguimento da campanha contra o pagamento das chamadas 'dívidas ocultas' e as irregularidades no processo eleitoral que reelegeu Filipe Nuysi como Presidente de Moçambique, em outubro passado.
Em março, refere a organização, "as autoridades perturbaram uma marcha organizada por uma escola primária para assinalar o carnaval, e dias depois o presidente da Câmara de Maputo rejeitou o pedido do grupo ativista Fórum Mulher para uma marcha contra a violência doméstica no Dia Internacional da Mulher".
"Apesar de os relatos de ataques e raptos a pessoas albinas terem decaído desde 2015, muitas famílias com filhos albinos continuam a viver com medo, algumas impedindo mesmo os filhos de irem à escola", escreve-se no relatório, que pormenoriza que "muitos albinos na província de Tete enfrentam discriminação, estigma e rejeição na escola, na comunidade e muitas vezes mesmo na família".
Sobre o processo eleitoral que deu a vitória a Nuysi, a HRW lembra as acusações de irregularidades e sustenta que "a União Europeia disse que os observadores identificaram algumas irregularidades e más práticas no dia das eleições e durante o processo de apuramento dos resultados, incluindo enchimento das urnas, votos múltiplos, invalidação intencional de votos a favor da oposição, e alterações dos resultados das mesas de voto, com acrescento fraudulento de votos".
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