Taiwan elege Presidente no sábado e atual líder é favorita
Taiwan vai escolher no sábado um novo Presidente, numas eleições em que, como sempre, as relações com a China têm um papel determinante.
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Mundo Taiwan
A atual líder da ilha, Tsai Ing-wen, de 63 anos, é a favorita para continuar no cargo, juntamente com o Partido Progressista Democrático (DPP), cujo independentismo moderado conquistou a confiança da população da ilha nos últimos quatro anos.
O principal rival de Tsai vai ser Han Kuo-yu, de 62 anos, do Kuomintang (KMT) e atual presidente da segunda maior cidade da ilha, Kaohsiung.
Outro candidato é James Soong, do conservador Partido Primeiro o Povo (PPP), a quem as sondagens dão apenas 7% dos votos.
Além da popularidade dos candidatos ou das promessas eleitorais para reforçar o crescimento económico, os eleitores de Taiwan vão sobretudo escolher o futuro imediato da ilha em relação a Pequim.
Em 2019, Taiwan voltou a perder aliados diplomáticos a favor da China, até ficar com os atuais 15, num ano marcado pelo impacto na ilha dos protestos antigovernamentais em Hong Kong e pela maior aproximação com Washington.
Tsai Ing-wen rejeitou o chamado "princípio de uma só China", mediante o qual só existe uma China, abarcando a ilha e o continente, o que levou Pequim e Taipé a reclamar a totalidade do território.
"As relações eram pacíficas até que Tsai chegou ao poder. Se voltar a ganhar, vai continuar uma espécie de 'paz fria' ou de 'confrontação fria'", afirmou o diretor do Centro de Estudos de Taiwan da Universidade Jiao Tong em Xangai Lin Gang.
Em resposta, Pequim ofereceu medidas para multiplicar os vínculos económicos e culturais, insistindo, ao mesmo tempo, na reunificação.
No ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na possibilidade de uso de força e lembrou que não será tolerada "qualquer ação para dividir o país".
A República Popular da China vê a República da China (nome oficial de Taiwan) como una província rebelde desde 1949, altura em que as tropas comunistas de Mao Zedong derrotaram Chiang Kai-shek, então líder do KMT.
Os nacionalistas refugiaram-se na ilha, independente de facto desde então, mas para Pequim a reunificação é inevitável.
Tsai nunca defendeu explicitamente a independência de Taiwan, mas procurou sempre manter a China à distância e para isso comprou armamento aos Estados Unidos e aprovou legislação para limitar quaisquer "interferências chinesas".
Por outro lado, os protestos antigovernamentais que há sete meses decorrem em Hong Kong deram a Tsai um motivo para recusar a proposta chinesa de reunificação sob o princípio "um país, dois sistemas", em vigor em Macau e Hong Kong.
Este modelo permite que as duas regiões semiautónomas chinesas tenham algumas liberdades que não existem no resto do país.
Para Pequim, aquela é a única solução para a ilha. Para o professor Zheng Wensheng, do Instituto para Estudos Taiwaneses da Universidade chinesa de Xiamen, só assim a ilha poderá manter as suas liberdades.
"As eleições não vão mudar o facto de Taiwan ser parte da China. A reunificação é o mais benéfico para Taiwan, é inevitável e acontecerá mais cedo ou mais tarde. Taiwan nunca poderá fugir à China", afirmou Zheng.
Durante o mandato, Tsai procurou diversificar os parceiros económicos e comerciais da ilha e tentou diminuir a excessiva dependência da China, ao mesmo tempo que apoiou os grupos aborígenes e tornou Taiwan o primeiro país da Ásia a reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
"Taiwan está a mostrar uma crescente identidade própria, num exemplo à comunidade chinesa em todo o mundo", considerou o professor Sun Kuo-hsiang, do departamento de Assuntos Internacionais da Universidade taiwanesa de Nanhua.
Já o rival de Tsai, Han Kuo-yu, defendeu o princípio de "uma única China" e rejeitou uma possível independência da ilha, mas também criticou a proposta chinesa de reunificação. Para o candidato do KMT, deve manter-se o 'statu quo' de Taiwan.
Se Han for eleito "a agenda chinesa de aproximação será ainda mais clara", adiantou Sun.
Apesar das tensões políticas, durante o mandato de Tsai, iniciado em 2016, as relações comerciais através do estreito aumentaram, bem como a sétima economia asiática, que cresceu em média 2,7%.
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