Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
21º
MIN 14º MÁX 21º

"Há uma continuidade do que foi a política portuguesa em Macau"

O último governador português em Macau disse, em entrevista à Lusa, que 20 anos depois da transição da administração do território para a China, o mais "importante" manteve-se: a continuidade da política e a "identidade" local.

"Há uma continuidade do que foi a política portuguesa em Macau"
Notícias ao Minuto

05:15 - 15/12/19 por Lusa

Mundo Vasco Rocha Vieira

"Passados 20 anos, aquilo que acho (..) mais importante é ver que há uma continuidade em relação àquilo que foi a política portuguesa durante a sua administração. Porque aquilo que se fez tinha sempre como interesse e como propósito a continuidade e o futuro", de Macau, afirmou Vasco Rocha Vieira, numa entrevista a propósito do 20.º aniversário da transição da administração daquele território para a China, que se celebra no próximo dia 20.

O ex-governador, sublinhou, ao longo da entrevista, que a parte portuguesa nunca achou que a transferência da administração fosse "o fechar de uma porta". Nem que ali acabava "a nossa relação com Macau ou as nossas responsabilidades".

Pelo contrário, entendeu, "sempre", que "era um novo ciclo que se iniciava". E esse ciclo "iniciou-se", defendeu.

No novo contexto, "a identidade é o mais importante para Macau", defendeu, porque naquele território existe "uma situação perfeitamente original e única no mundo. Ali existe um entendimento entre culturas, que se respeitam. Não é uma mistura de culturas, como em muitos outros sítios".

As duas culturas, a portuguesa e a chinesa, muito diferentes, é que formam "essa identidade de respeito e de trabalho mútuo, de prevalência relativamente às dificuldades e aos problemas que aparecem", sublinhou.

A diferença pode ser assumida num aspeto de complementaridade ou de antagonismo, referiu, mas "em Macau sempre houve a complementaridade (...) e é um exemplo muito grande, até para outras situações no mundo, de como devem ser as relações".

No caminho da transição, destacou o trabalho feito pela administração portuguesa, "para que o segundo sistema, prometido a Macau, fosse uma realidade", mas também a posição da China, que "tem cumprido aquilo que nós também cumprimos na Declaração Conjunta, fazendo com que Macau permaneça no segundo sistema, com as liberdades, as garantias, códigos de matriz portuguesa que deixamos, e que são no fundo a maneira de gerir a relação das sociedades".

O propósito "era convergente", e consistia em "respeitar aquilo que ficou combinado e acordado na declaração conjunta, que foi um país dois sistemas, com Macau pertencendo ao segundo sistema e com essa identidade (...), de respeito de culturas".

Por isso, "há problemas que estão noutros sítios, como Hong Kong, que não são vistos da mesma maneira em Macau", assegurando que ali estão salvaguardados os direitos dos cidadãos chineses que vivem no território.

"O tribunal de última instância está em Macau. Portanto tudo aquilo que se passa, como crimes ou outros aspetos, que têm de ser julgados e apreciados, passa-se em Macau", afirmou.

Quando questionado se Pequim pode pedir a extradição de pessoas que queira ver julgadas de acordo com o regime chinês, responde: "Não, não vejo porque há de pedir"

No tempo da administração portuguesa, recordou que "os cidadãos que eram extraditados - de acordo com garantias que a China dava de que não havia pena de morte nem prisão perpétua - eram cidadãos chineses da China que se resguardavam em Macau e que vinham fugidos".

"Isso é completamente diferente em relação aos cidadãos de Macau, sejam chineses ou sejam portugueses", afirmou.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório