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Brasil. Secretária do Audiovisual exonerada por suspeitas

A secretária do Audiovisual do Brasil, Katiane de Fátima Gouvêa, foi hoje exonerada pelo secretário da Cultura, Roberto Alvim, por suspeitas de irregularidades na sua campanha para deputada federal em 2018, segundo a imprensa local.

Brasil. Secretária do Audiovisual exonerada por suspeitas
Notícias ao Minuto

19:15 - 11/12/19 por Lusa

Mundo Katiane de Fátima Gouvêa

A exoneração, avançada pela revista Veja, foi justificada pela Secretaria de Cultura com o facto de Roberto Alvim ter tomado conhecimento de suspeitas de irregularidades.

"Até que esses factos sejam devidamente esclarecidos pela autoridade competente, o secretário decidiu por bem, em nome da lisura da coisa pública, afastá-la de suas funções de imediato", diz o comunicado, citado pela Veja.

A decisão em causa surge após a Agência Nacional do Cinema (Ancine) do Brasil ter proibido, no início da semana, que os seus funcionários exibissem o filme "A Vida Invisível", do diretor Karim Aïnouz, inscrito pelo país sul-americano para concorrer aos Óscares em 2020.

Funcionários da Ancine disseram, de foram anónima, à revista Veja, que a exibição do filme estava prevista para quinta-feira, num evento de "capacitação anual" dos colaboradores.

Contudo, a Secretaria de Gestão Interna da agência, liderada por Cesar Brasil Gomes Dias, informou internamente que o evento não poderia ser realizado devido a problemas técnicos com o projetor destinado à exibição da obra cinematográfica.

Questionado pelos funcionários, o responsável pela manutenção do equipamento assegurou não haver nenhum problema técnico com o aparelho.

Segundo a Veja, a decisão de proibir a exibição cinematográfica foi atribuída a Katiane de Fátima Gouvêa.

O filme em causa tem no seu elenco a atriz brasileira de 90 anos Fernanda Montenegro que, em setembro último, foi apelidada pelo atual secretário de Cultura, Roberto Alvim, de "sórdida", por "deturpar os valores mais nobres da civilização, denegrindo a sagrada herança judaico-cristã".

"Existe uma guerra ideológica cega que vai contra interesses económicos. O desmembramento do audiovisual no Brasil afeta um forte setor económico. É estrategicamente incongruente. Em vez de o Governo apoiar uma indústria que dá retorno financeiro e representa o país no mundo, decide boicotar-nos", disse o realizador Karim Aïnouz, após a proibição do seu filme pela Ancine.

A comunidade artística brasileira tem reclamado da "guerra contra o marxismo cultural" lançada pelo novo Governo de Jair Bolsonaro, que assumiu o cargo em janeiro último, e que tem defendido a censura da atividade cultural no país.

Bolsonaro admitiu em julho a possibilidade de extinguir a Ancine, caso não a possa usar para impor "filtros" nas produções audiovisuais e, em agosto, acrescentou que desejava um presidente na agência com perfil evangélico.

Em setembro, a Ancine suspendeu o apoio financeiro à participação de realizadores brasileiros em festivais estrangeiros, incluindo em seis festivais portugueses.

Já em outubro, foi notícia que o banco público Caixa Económica Federal começou a aplicar um sistema de censura prévia a projetos realizados nos seus centros culturais, por todo o Brasil, exigindo pormenores do posicionamento político dos artistas, o seu comportamento nas redes sociais, a par de outras imposições de caráter polémico, sobre as obras em exibição, como "manifestações contra a Caixa e contra Governo".

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