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Povos indígenas pedem proteção e fim de assassinatos de líderes

Vários povos indígenas exigiram hoje respostas concretas no combate às alterações climáticas, reclamando uma ligação à natureza e ao território constantemente usurpado que custa a vida aos seus líderes e o futuro aos seus filhos.

Povos indígenas pedem proteção e fim de assassinatos de líderes
Notícias ao Minuto

21:47 - 10/12/19 por Lusa

Mundo COP25

O movimento Minga Indígena, que agrega povos de vários continentes, veio hoje ao pavilhão das agências do clima das nações Unidas na COP25, cimeira do clima que se realiza em Madrid, entregar uma carta, fazendo um apelo para que até sexta-feira se consigam respostas concretas às suas reclamações.

"É um pedido de socorro para agora, para que se tome uma atitude", disse à agência Lusa a representante do povo Guarani do Brasil, Andreia Takwa, afirmando que "a exploração da terra, da floresta, da água pela mineração e o agronegócio" é uma realidade com que vivem diariamente.

"Quando queremos defender o nosso território, nós somos assassinados, humilhados, presos, criminalizados, expulsos", lamentou, frisando que nenhum governo brasileiro "deu de graça" qualquer direito aos indígenas, cujos direitos resultaram de "muitas batalhas com o governo".

Andreia Takwa frisou que "não basta discutir na COP soluções que vão demorar muito tempo, porque o planeta e os povos originários não têm tempo para isso, não têm mais como esperar".

Representantes Guarani, Ponca (Estados Unidos), Mapuche (Chile), Dakota (Estados Unidos) estiveram hoje na COP25 para divulgar a carta, "um facto histórico", por ser a primeira vez que tal diversidade fala a uma só voz numa conferência do clima, salientou Andreia Takwa.

No documento, os povos indígenas afirmam-se "guardiões e protetores da vida" por defenderem os seus territórios, "os mais biodiversos do planeta", diretamente ligados quer à sua espiritualidade, quer à sua sobrevivência.

Dirigindo-se aos representantes dos Estados que estão representados na cimeira, os povos indígenas acusam-nos de serem "cúmplices de toda a destruição" por procurarem o lucro explorando os recursos naturais.

"Se o petróleo, o gás natural e o carbono estão nas profundezas da terra, é porque a Mãe Natureza aí os deixou", argumentam, concluindo que ir explorá-los é contranatura.

Na carta climática dos povos indígenas, reclama-se que se investigue "de forma transparente os assassinatos dos líderes" indígenas, perseguindo "os autores materiais e intelectuais" de tais crimes e garantindo a segurança e proteção dos que enfrentam ameaças à sua segurança.

Numa sessão que se fez ouvir em todo o pavilhão da Feria de Madrid, com música, cantos tradicionais, coloridos trajes indígenas e fumo de cachimbo, estiveram representantes que "vieram de barco, viajaram centenas de quilómetros, muitos entraram num avião pela primeira vez", indicou Andreia Takwa.

"Desde o primeiro dia da COP [que começou a 02 de dezembro] que estão em alojamentos a dormir num colchão no chão. Mas estão aqui", destacou.

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