Estudantes desfilam a 48 horas das presidenciais na Argélia
Vários milhares de pessoas, sobretudo estudantes, protestaram hoje na capital da Argélia, Argel, pedindo o adiamento das presidenciais previstas para quinta-feira, um escrutínio rejeitado pelo movimento de contestação, numa das maiores marchas dos últimos meses.
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Mundo Argélia
Aos gritos de "estas eleições são uma farsa" e "não participaremos até que caia o regime militar", os manifestantes desafiaram o imponente dispositivo policial, que incluía veículos antidistúrbios e vigilância com helicópteros.
Mais de um milhar de elementos das forças de segurança, incluindo agentes dos serviços secretos, impediram que a marcha saísse da rota designada e entrasse na praça da Grande Poste, ponto de encontro do movimento ("Hirak") popular de contestação do regime que agita a Argélia desde 22 de fevereiro.
"Não há votação para gangues mafiosos", gritaram os manifestantes, pedindo "um Estado civil não militar", numa mensagem dirigida ao poderoso chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Ahmed Gaid Salah.
Após ter obtido em abril a demissão de Abdelaziz Bouteflika, presidente há 20 anos, o "Hirak" exige instituições de transição para reformar o regime e recusa que o atual poder organize um escrutínio para eleger um sucessor de Bouteflika, considerando que pretende restabelecer-se.
Todos os cinco candidatos que disputam a presidência estão direta ou indiretamente ligados ao poder do ex-presidente Abdelaziz Bouteflika.
Numerosos manifestantes seguravam cartões vermelhos onde se podia ler em árabe "não ao voto" e a multidão agradeceu aos argelinos no estrangeiro que rejeitaram em massa a votação, possível nas representações consulares da Argélia desde sábado.
As assembleias de voto no estrangeiro têm estado quase vazias e os raros votantes sofrem os insultos dos que se opõem ao escrutínio e que se reúnem junto às instalações diplomáticas em França e noutros países.
"Acham que podem connosco, mas não sabem ao que o povo da Argélia está disposto a resistir. Na quinta-feira não votaremos porque tudo isto não passa de uma mentira de um regime corrupto que nos rouba", disse Salah, estudante da universidade de Argel, à agência noticiosa espanhola EFE.
"Esta última marcha antes das eleições de quinta-feira é uma mensagem para dizer que não vamos reconhecer o futuro presidente", declarou Djazia, estudante de biologia na mesma universidade, à agência France Presse.
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